A necessidade de formação e do uso crítico da inteligência artificial no mercado de trabalho pautou o debate no painel “A nova dinâmica do saber: o que a IA ensina (ou não) para o mercado”, realizado durante o seminário “Conexões Profissionais: O Futuro do Trabalho entre Gerações”, promovido por O TEMPO na tarde desta terça-feira (20 de maio), no Teatro Feluma, em Belo Horizonte. Mediado por Juvercy Júnior, editor executivo de O TEMPO, o painel contou com as participações de Marina Portela Fernandes Rodarte (diretora acadêmica da graduação FDC), Nayara Namorato (Design Manager na Hotmart e mestre em Inovação Tecnológica pela UFMG), Tiago Moura (professor na FDC, CTO da Hop AI e mestre em Ciência da Computação pela UFMG) e Rafael Tunes (profissional de marketing de produto no SEBRAE Minas, doutorando em Ciências Empresariais e mestre em Administração e Marketing pela FUMEC).
O uso da inteligência artificial de forma massificada teve início, segundo Tiago Moura, em meados de 2022. “É uma tecnologia existente há muito tempo, e há cerca de três anos passamos a ter contato com ela de forma massificada. Já era algo presente nas organizações e também no dia a dia, como, por exemplo, nos feeds das redes sociais”, afirmou.
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A “nova” tecnologia, então, levanta a dúvida: os profissionais estão sendo formados para usar a IA de maneira adequada? Para Nayara Namorato, ainda não. “O uso massificado, conforme dito, é muito recente, então os profissionais ainda não estão preparados. Mas já estamos trabalhando nas universidades o pensamento crítico. Os profissionais sabem operar, mas agora precisamos mostrar como operar de forma consciente e estratégica.”
O advento da inteligência artificial faz com que questionamentos surjam, como citou Marina Portela. “O que a IA vai substituir? O que vai se perder? Estamos capacitando as pessoas para trabalharem com a IA? Esses são questionamentos que ouvimos sempre. A grande questão não é apenas capacitar para trabalhar com a IA, mas desenvolver o pensamento crítico sobre como e quando utilizá-la. Precisamos ter as competências que o futuro do trabalho vai exigir, como resiliência e pensamento crítico. Tudo é processo — e não vem pronto com um prompt”, afirmou.
O papel da educação, segundo Marina, é “entender que se adaptar às transformações faz parte”. “Temos que criar o senso crítico para, acima de tudo, sermos ainda mais humanos.”
A necessidade de saber lidar com a inteligência artificial de forma crítica se evidencia logo na adolescência. “A formação precisa ser pensada pedagogicamente e instituída em todas as linhas da educação. Minha filha tem 15 anos, e tudo é ChatGPT, mas já apresentei a ela outra ferramenta que gera as fontes e, depois, as respostas, mapas mentais e um resumo do conteúdo estudado. Pegar a primeira resposta como verdade não dá. É preciso construir a formação — e esse é um desafio, assim como o uso crítico da IA”, complementou Rafael Tunes.
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Tiago Moura defende que o ambiente corporativo precisa ir além do que é apresentado pelas inteligências artificiais, pois “os algoritmos se comportam como o senso comum, com base na média daquilo que as pessoas reagiram”. “Somos muito bons em abstração, e nisso os algoritmos não serão bons — logo, temos que atuar mais nesse campo.”
Uma das dicas de Marina para todos que estão inseridos no mercado de trabalho é a busca constante por conhecimento. “O futuro é dos curiosos — mas não se esqueça de se desenvolver, porque isso é essencial.”