Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG) deu início, há cerca de um mês, à análise da qualidade da água da lagoa da Pampulha. Nos últimos 16 anos, o estudo vem sendo feito pelo Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) Senai/Fiemg (antigo Cetec) e, neste período, não foram observadas melhorias consideráveis nos índices de qualidade da água do reservatório.

Segundo o professor José Fernandes Bezerra Neto, coordenador do Laboratório de Limnologia, Ecotoxicologia e Ecologia Aquática (Limnea), ligado ao Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB/UFMG), a motivação para iniciar essa pesquisa foi a proximidade com o câmpus, a contribuição para a sociedade do ponto de vista da universidade pública e da ciência e a nova promessa de limpeza do reservatório, fruto de um acordo entre o Ministério Público Federal (MPF), prefeituras de Belo Horizonte e Contagem, e a Copasa. "Vai ser um trabalho de formiguinha, mas estamos entusiasmados por essa contribuição”, diz.

De acordo com Bezerra Neto, o grupo envolvido na pesquisa conta com alunos de graduação, mestrado e doutorado da UFMG, além de bolsistas de iniciação científica. Os trabalhos de coleta da água para análise do material serão feitos mensalmente, o que, em 12 meses, poderá trazer um panorama da qualidade do recurso hídrico, com interpretações diversas. 

Segundo ele, o projeto não conta com financiamento nem apoio de terceiros, o que dá mais credibilidade às análises. “Estamos de forma autônoma, e acredito que de seis meses a um ano já teremos algum tipo de indicador. Usaremos, inicialmente, parâmetros de qualidade da água, como pH, temperatura, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, nitrogênio, nitratos, nitritos, amônia, algas, além da análise dos sedimentos”, acrescenta.

Ações antes de estudos

Na visão do professor – que já analisou a contribuição do reservatório da Pampulha na geração da emissão de Gases do Efeito Estufa (GEEs) e desenvolve, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), monitoramento da qualidade da águas da bacia do rio Doce –, os projetos desenvolvidos ao longo dos anos pela Prefeitura de Belo Horizonte não foram exitosos porque a administração sempre iniciou ações antes de estudar a fundo o comportamento do reservatório. 

“Com esse novo acordo anunciado, é fundamental que o esgoto deixe de ser lançado nos tributários que alimentam a lagoa da Pampulha, para de fato, em médio e longo prazo, termos uma mudança na qualidade dessa água. Ao longo das últimas décadas, esse sedimento todo que chega até a lagoa e permanece por lá é riquíssimo em nutrientes de toda natureza e mantém a qualidade da água muito ruim. Precisamos reverter esse cenário”, diz.

A qualidade da água da Pampulha, seus problemas de poluição e assoreamento, a necessidade de projetos mais eficazes de educação ambiental - tanto em Belo Horizonte como em Contagem - são os temas de uma ampla reportagem especial publicada hoje (24) por O TEMPO. Para acessá-la, navegue pelo site clicando aqui.