A exemplo do que aconteceu na União Europeia, que após uma investigação de acusações de mercado sobre a prática de dumping por parte de fabricantes chineses de veículos elétricos, impôs uma tarifa adicional de 35% sobre a importação desses veículos além dos 10% que já eram cobrados; no Brasil, a situação parece caminhar para o mesmo embate.
Na União Europeia, o processo se iniciou em setembro de 2023 e, em outubro de 2024, decidiu-se pela imposição das tarifas.
No Brasil, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa 25 montadoras do setor, estuda enviar um processo ao Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) com pedido de averiguação de prática de dumping contra empresas chinesas que estão comercializando veículos importados no Brasil.
Nota da Anfavea
"Há estudos de mercado em andamento. A Anfavea defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças", disse a entidade, por meio de nota do presidente da entidade Márcio de Lima Leite
Os estudos, segundo a Anfavea, são muito preliminares e não há um prazo definido para dar início à ação no Mdic.
Maior importação da década
De acordo com levantamento anual da Anfavea publicado recentemente, as importações tiveram o maior resultado entre os últimos 10 anos, com 466,5 mil emplacamentos, alta de 33% impulsionada pela entrada maciça de eletrificados, em
especial da China.
“Neste ano é preciso reequilibrar os volumes de exportações e
importações, de forma a evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024. Temos um Imposto de Importação muito baixo para elétricos e híbridos, o menor
entre países que fabricam veículos, o que nos torna um alvo preferencial de empresas importadoras, em prejuízo de nosso parque industrial e dos nossos empregos”, criticou o
presidente da Anfavea, durante a divulgação de resultados do setor.
A cada dois carros importados fora do Mercosul, um vem da China. Essa é outra constatação da Anfavea.
Ranking
A produção total de 2,550 milhões de autoveículos representou
uma alta de 9,7% na comparação com 2023 e fez com que o Brasil retomasse da Espanha o posto de oitavo maior produtor de veículos em 2024.
Mesmo assim, o crescimento da importação preocupa diversos segmentos da indústria automotiva com o receio de que o Brasil de produtor e protagonista na indústria automotiva mundial se transforme num importador de tecnologia em detrimento da produção nacional.
Dumping
Dumping vem da palavra em inglês dump, que significa despejar.
Desse modo, muitos produtos que passam por essa prática são negociados abaixo do preço de custo de produção.
Também pode ser visto quando uma empresa arca com o prejuízo das vendas a preços baixos para conquistar mercados.
O dumping é uma prática predatória que pode causar problemas sociais profundos e infringir direitos humanos com a perda de empregos na economia nacional, migração de fornecedores, queda na tributação e perda de desenvolvimento local de novas tecnologias.
Na Agenda Prioritária da Anfavea 2025 estão as seguintes metas:
- Ampliar o mercado interno e a produção, retomando o patamar de 3 milhões de unidades vendidas até o próximo ano
- Reequilibrar a balança comercial, ampliando as exportações e contendo o excesso de importações
- Qualificar compras públicas de máquinas e veículos sem prejuízo à indústria local, ao emprego e à inovação
- Promover a descarbonização com foco na matriz energética e nos recursos brasileiros, com participação destacada do setor na COP 30, este ano em Belém (PA)
- Reforçar o laço com os trabalhadores brasileiros em termos de capacitação e ambiente de trabalho
- Criar uma política perene de renovação da frota com foco na sustentabilidade e na segurança
- Priorizar o desenvolvimento e a produção de novas tecnologias no Brasil