Em um mercado dominado pelos SUVs e picapes, os hatches médios viraram aquele produto de fim de feira. Em terras brasileiras, o Chevrolet Cruze RS é um exemplo desta xepa automotiva. Afinal, trata-se do único hatch com visual esportivo, motor turbinado, e preço abaixo dos R$ 200 mil ainda em oferta no país.
Fora de linha nos EUA desde 2019, naquele mundo pré-pandêmico, o Cruze é fabricado hoje apenas na Argentina para abastecer o mercado local e brasileiro, mas não por muito tempo.
No ano que vem, a Chevrolet deve lançar um novo carro para substituir o modelo, que pode ser o novo Chevrolet Monza, vendido no México desde 2021, ou mesmo um SUV inédito, que estreará na China como Chevrolet Seeker, ainda em 2022.
Até que o martelo seja batido, a GM segue oferecendo o Cruze no Brasil, já como linha 2023. São cinco versões do carro em oferta: quatro do Cruze sedã, e o Cruze RS, a única configuração hatch do modelo. Sem opcionais, o dois volumes da Chevrolet tem preço a partir de R$ 152.280. Na cor metálica vermelho chili como a unidade testada pelo Super Motor, o valor pula para R$ 154.180.
Vale a pena comprar um Cruze RS?
Mas afinal, o Cruze RS vale quanto pesa? A melhor resposta é: depende do que o comprador está buscando. Se a questão for desempenho. Esqueça. Na parte mecânica, o Cruze RS é exatamente igual ao irmão sedã.
Ambos usam o mesmo motor 1.4 turbo flex, com 153 cv de potência, 24,5 kgf.m de torque, sistema de injeção direta de combustível, e câmbio automático de seis marchas.
Para não ser injusto, a Chevrolet afirma ter efetuado um ajuste fino exclusivamente para o Cruze RS. Segunda a GM, o Cruze RS tem amortecedores mais firmes que o Cruze sedã, com eixo traseiro 10% mais rígido, além de uma direção elétrica com respostas mais rápidas.
A central eletrônica do motor 1.4 turbo foi recalibrada para garantir respostas mais imediatas às pisadas no acelerador.
Visual exclusivo chama atenção nas ruas
O que atrai mesmo no Cruze RS é seu visual esportivado. Na dianteira, a grade dianteira do Cruze RS traz aplique cromado em preto e os faróis com máscara negra.
O acabamento em cor escura se repete nas molduras das janelas, colunas e retrovisores do Cruze RS, bem como nas exclusivas rodas de liga leve aro 17 da versão, além do teto e do aerofólio traseiro, ambos pintados de preto. O teto solar elétrico é outro item exclusivo da versão.
Por dentro do hatch, a mesma receita de bolo. Acabamento todo em tom escuro, mas que se destaca pelo capricho, com uso de materiais emborrachados no painel em vez de plástico rígido, por exemplo.
Os bancos de couro sintético com costuras em vermelha são confortáveis e o espaço interno, apesar de o modelo ser um hatch, surpreende os mais desavisados. Cinco adultos viajam numa boa no Cruze RS, sem passar aperto. No entanto, o porta-malas com apenas 290 L de capacidade está mais para o de um hatch compacto que um hatch médio.
Cruze RS: hatch é bom de guiar
Ao volante, o Cruze RS é gostoso e confortável de dirigir, com boa estabilidade em curvas e um bom desempenho na pista, mas nada que faça do hatch um legítimo esportivo. O turbo lag do motor — aquele atraso entre pisar no acelerador e o motor responder — realmente melhorou, mas às vezes ainda incomoda.
A transmissão automática de seis marchas trabalha bem com o motor, mas a falta de borboletas atrás do volante para troca manual, restrita à alavanca do câmbio, tira um pouco o ar esportivo do carro.
O consumo médio com etanol, de 7,6 km/L/11,1 km/L (cidade/estrada) é razoável e não foge muito ao de outros modelos do segmento.
MyLink com Wi-fi nativo
A tecnologia embarcada do Cruze RS não cumpre mais do que a obrigação para um carro de mais de R$ 150 mil. O destaque do carro, sem dúvida, é a conectividade.
Assim como outros modelos da Chevrolet, a central multimídia MyLink do Cruze RS, com tela de oito polegadas, vem com sistema Wi-Fi nativo. Ele conecta simultaneamente até sete aparelhos à internet. O pacote de dados é oferecido em parceria com a TIM.
O Cruze RS também traz sensores de estacionamento na frente e atrás, câmera de ré, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, além de chave presencial e partida do motor por botão.
Cruze RS: pacote de segurança fica devendo
Entre as decepções do hatch médio da Chevrolet está a falta de um painel de instrumentos digital, item presente em modelos rivais até de categorias inferiores. O Cruze RS vem com seis airbags, freios a disco nas quatro rodas, além dos obrigatórios controle eletrônico de estabilidade e de tração.
Todavia pelo preço cobrado, dá para dizer que a versão poderia ir além do trivial e vir com itens como alerta de ponto cego e sistema de frenagem automática, por exemplo. Afinal, já se foi a época em que tais equipamentos eram restritos aos hatches de marcas de luxo como Audi, BMW ou Mercedes.
Ficha técnica do Chevrolet Cruze RS 2023
- Motor: 1.4 turbo flex, quatro cilindros em linha, 16V, sistema de injeção direta de combustível
- Câmbio: transmissão automática de seis marchas (modo manual na alavanca)
- Potência: 150 cv (gasolina)/153 cv (etanol) a 5.200 rpm
- Torque: 24 kgf.m (gasolina)/24,5 kgf.m (etanol) a 2.000 rpm
- Direção: elétrica progressiva
- Suspensão dianteira: Independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora ligada a hastes tensoras e molas helicoidais com carga lateral
- Suspensão traseira: do tipo eixo de torção, semi-independente e molas helicoidais — constante elástica linear
- Freios: a disco nas quatro rodas
- Rodas/Pneus: Liga leve, 17 polegadas/ pneu tamanho 215/50 R17
- Dimensões: 4,44 m (C) /2,04 m (L)/ 1,48 m (A) / 2,70 m (entre-eixos)
- Consumo (Inmetro): Cidade: 7,6 km/L (etanol) e 9,4 km/L (gasolina). Estrada: 11,1 km/L (etanol) e 13,5 km/L (gasolina)
- Porta-malas: 290 L