Belo Horizonte foi considerada como uma metrópole de grande influência para pelo menos 698 dos 853 municípios de Minas Gerais. Isso quer dizer que a capital é vista pelos mineiros como um centro que oferece amplos serviços, seja de saúde, lazer, compras, educação, entre outros, que não são encontrados em suas cidades de moradia. Tal idéia foi concluída a partir do estudo "Regiões de Influência das Cidades 2007", divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou as dinâmicas das redes urbanas. Assim como Belo Horizonte, outras 11 capitais brasileiras receberam essa mesma identificação, com destaque para São Paulo, que recebeu o título de "a grande metrópole nacional" e para Rio de Janeiro e Brasília que são "metrópoles nacionais". A pesquisa coletou informações de 4.625 municípios.
Distância. Porém, as redes urbanas de influência muitas vezes ultrapassam a divisão territorial dos Estados. Em Minas, por exemplo, algumas cidades da Zona da Mata, sofrem mais influência do Rio que de Belo Horizonte. Já as do Triângulo Mineiro e Sul de Minas se voltam mais para São Paulo. Segundo a geógrafa e pesquisadora Ivone Batista, técnica da pesquisa do IBGE, os principais fatores que explicam a dinâmica de influência são a distância entre os municípios e as metrópoles e os equipamentos que essas capitais oferecem às pessoas. "Cidades maiores, com mais e melhor infra-estrutura, mais opções de lazer, de serviços de saúde e transporte atraem e atendem outras cidades menores. Na hora de buscar um serviço desses, o que mais é levado em conta pelas pessoas é a distância que terão de percorrer para chegarem até esse serviço", explicou Ivone.
Mineiro do Rio. O estudante universitário Saulo Bianco Tostes, 25, mora em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, mas adotou o Rio de Janeiro como a sua segunda cidade. É na capital carioca que ele freqüenta cursos de especialização e se diverte nos finais de semana. "Vou ao Rio pelo menos uma vez por mês. Já Belo Horizonte ficou mais de um ano sem visitar. Além do Rio ter praia e vários lugares legais para sair, tem a distância que também é determinante para mim. Levo apenas duas horas para chegar na praia, enquanto para BH são quatro horas de viagem", disse. Já Cyrene Mourão, 95, moradora de Piunhí, na região Sul de Minas, vem à capital sempre que precisa ir ao médico. "Os tratamentos de saúde que faço não estão disponíveis em Piunhí. Minha melhor opção é vir para Belo Horizonte, onde tenho família".
Dependência
O IBGE calculou um índice para medir a dependência dos municípios das redes em relação às capitais, a partir de variáveis como oferta de equipamentos e serviços. Quanto menor o índice, mais estruturada é a rede. O pior índice foi verificado em Manaus (54) e os melhores, no Recife (8,6), que agrega outras capitais em sua rede, como Natal e Maceió. São Paulo ficou com índice 10,4, Brasília recebeu 10,6, e o Rio, 13,6.
Surgimento de novos centros
Além do fortalecimento de Brasília e Manaus, os centros urbanos que emergiram nas últimas quatro décadas estão localizados, principalmente, nos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, no oeste do Amazonas e no sul e leste do Pará. Também destaca-se, embora com menor intensidade, a ascensão de capitais do Nordeste (São Luís, Teresina, Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju) e de novos centros no Maranhão e no Piauí. A rede de Fortaleza também cresceu e passou a ocupar o mesmo patamar do Recife.
Descendente
Entre os centros que deixaram de exercer centralidade, que estavam no segundo nível de classificação em 1966 e caíram para o terceiro estão Floriano (PI), Garanhuns (PE), Jequié (BA), Anápolis (GO), Muriaé (MG), Ourinhos (SP), Pato Branco (PR), Lages (SC), Santa Rosa e Cruz Alta (RS). Já entre os centros que tiveram movimento ascendente estão Coronel Fabriciano e Timóteo (MG) , Boa Vista (RR), Araguaína (TO), Ipatinga, e Novo Hamburgo e São Leopoldo (RS) e Palmas (TO).