OPERAÇÃO DA PF

Freixo sobre prisões do caso Marielle: 'Polícia e política não se separam no RJ'

Suspeitos de arquitetar morte de vereadora ocupam ou já ocuparam cargos políticos e de segurança pública no Rio

Por Isabela Abalen
Publicado em 24 de março de 2024 | 08:39
 
 
Presidente da Embratur usou as redes sociais para se pronunciar sobre o caso Marielle Foto: MARCELLO DIAS / FUTURA PRESS / FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO // e Reprodução / Redes Sociais

A prisão de dois suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco, neste domingo (24 de março), é um retrato de que “política e polícia não se separam no Rio de Janeiro”, de acordo com análise do político Marcelo Freixo, atual presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). Freixo usou as redes sociais momentos após o anúncio da Operação Murder Inc. para se pronunciar sobre os investigados do crime e relembrar a relação deles com Marielle. 

Os presos são Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Chiquinho Brazão, deputado federal do RJ. Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio, também foi preso por obstruir as investigações. Segundo Marcelo Freixo, Barbosa atrapalhou a investigação da morte de Marielle, enquanto acalmava a família da vereadora.

“Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte, junto comigo. Agora, Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro”, afirmou. 

O político lembrou da investigação do assassinato, que contou com vários afastamentos de delegados da função. “Por isso, demoramos seis anos para descobrir quem matou e quem mandou matar. Agora a Polícia Federal prendeu os autores do crime, mas também quem, de dentro da polícia, atuou por tanto tempo para proteger esse grupo criminoso”, continuou. 

Para Marcelo Freixo, este domingo (24) é marcado pela lembrança da morte do irmão Renato Freixo, que, segundo ele, foi morto pela milícia, mas não teve a investigação concluída. “No caso dele, ficamos 14 anos sem saber quem matou e quem mandou matar. Quando o caso foi resolvido, os crimes já estavam prescritos, e os assassinos estão livres. Hoje, que estaríamos em festa com Renato por seu aniversário, eu amanheço com os mandantes da morte da Marielle presos”, disse.

Ele avalia as prisões como uma vitória. “Essa é uma oportunidade para o Rio de Janeiro virar essa página em que crime, polícia e política não se separam”, escreveu. 

Entenda

As prisões foram efetivadas pela Operação Murder Inc., da Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e o Ministério Público do Rio de Janeiro. As informações sobre os alvos são do Portal G1. Os investigados também estariam envolvidos na tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. 

Estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, todos na cidade do Rio de Janeiro. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça. 

A ação conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública.