Londres, Reino Unido. Uma matéria publicada ontem pelo jornal britânico The Guardian revela que a lenda que levou legiões de exploradores e aventureiros à morte - a de um antigo império de pequenas cidades e tesouros escondidos na floresta amazônica - pode ser verdadeira.
A história é mais do que conhecida. Conquistadores espanhois se aventuraram na floresta tropical à procura de fortuna, seguidos ao longo dos séculos por outros convencidos de que encontrariam ali uma civilização perdida que rivalizasse com os Astecas e Incas.
Alguns exploradores chamavam o local de Eldorado, outros de Cidade de Z. Mas a floresta os tragou e nada foi encontrado, levando o resto do mundo a pensar que se tratava de um mito. A Amazônia era inóspita demais, diziam os acadêmicos do século 20, para permitir grandes aglomerados humanos.
Agora, contudo, os condenados sonhadores foram recompensados: houve, sim, uma grande civilização na Amazônia. Novas imagens de satélite e vôos realizados na fronteira entre o Brasil e a Bolívia revelaram mais de 200 aterros geométricos cravados nas proximidades da cabeceira do Amazonas.
Precisão. Estendendo-se ao longo de 250 km, os círculos, quadrados e outras formas geométricas parecem uma rede de avenidas, fossos e cercos construídos muito antes de Cristóvão Colombo colocar o pé no Novo Mundo. Algumas datam de 200 d.C., outras, de 1.200.
Os cientistas que mapearam os aterros acreditam que deve haver ainda cerca de 2 mil estruturas dentro da floresta, vestígios de antigas sociedades. As estruturas, muitas das quais foram reveladas pela retirada da floresta para prática da agricultura, apontam uma "sofisticada sociedade pré-colombiana", diz o jornal Antiquity, que publicou a pesquisa.
O artigo acrescenta: "Essas ainda desconhecidas populações construíram aterros de incrível precisão geométrica conectados por estradas em ângulo reto. Essa paisagem se estende por uma região de mais de 250 km e encontra-se tanto nos ecossistemas de várzea quanto nos de terra firme... nós provavelmente não vimos nem um décimo ainda".
As estruturas encontradas foram criadas por uma trama de valas de 11 metros de largura e alguns pés de profundidade, revestidos de aterros de altura superior a 1 metro. Alguns estavam anelados por montículos contendo cerâmica, carvão e ferramentas de pedra.
Pensa-se que as imensas estruturas e os objetos encontrados pertenceram a uma civilização formada por até 60 mil pessoas - mais gente do que havia muitas cidades medievais europeias.
O Mundo Perdido
- Os recentes achados estão vingando Percy Fawcet, o explorador que inspirou parcialmente o livro "O Mundo Perdido", de Conan Doyle.
- Fawcett comandou uma expedição para encontrar a Cidade de Z, mas o grupo desapareceu, legando um mistério para a posteridade.
- Agora, com as novas descobertas, parece que os conquistadores que falavam das "cidades que reluziam" estavam dizendo a verdade.
- Contudo, provavelmente, eles também introduziram doenças que riscaram do mapa os nativos, deixando a floresta esconder os traços de sua existência