CASO RODRIGO NETO

Acusado de matar jornalista é condenado a 16 anos de prisão pelo crime

Réu negou o assassinato, mas acabou condenado; o policial Lúcio também foi condenado, em 2014, por envolvimento na morte do jornalista e do fotógrafo Walgney Carvalho

Por JOHNNY CAZETTA/ JULIANA BAETA / NATÁLIA LACERDA
Publicado em 19 de junho de 2015 | 19:07
 
 
"Pitote" foi condenado a 16 anos de prisão por morte de jornalista e tentativa de homicídio contra amigo da vítima UARLEN VALERIO

Foi condenado a 16 anos de prisão o réu Alessandro Neves Augusto, de 34 anos, conhecido como "Pitote" pelo assassinato do jornalista Rodrigo Neto em Ipatinga, no Vale do Aço e pela tentativa de homicídio contra um amigo da vítima que estava com ela na hora do crime.

O julgamento acontece desde a manhã desta sexta-feira (19) e durou cerca de 10 horas. A sentença foi determinada por volta de 18h40. A sessão foi conduzida pelo juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira.

Os 16 anos de prisão em regime fechado foram divididos entre os 12 anos pela morte de Neto, assassinado aos 38 anos, e quatro anos pela tentativa de assassinato contra o amigo da vítima. A decisão ainda cabe recurso. 

Em agosto, o réu ainda será julgado pela morte do fotógrafo Walgney Carvalho, morto em abril daquele ano, em Coronel Fabriciano, na mesma região. Ele trabalhava junto com Neto e saberia quem eram os responsáveis pela execução do amigo. 

"Pitote" estava preso desde junho de 2013, apontado como autor dos disparos que mataram o jornalista que denunciava crimes na região. Emocionados, parentes do jornalista comemoraram a sentença, mas ainda estariam com medo, já que os mandantes do crime ainda estão soltos e não foram encontrados. 

"A gente ainda não sabe com que estamos lidando. Temos muito medo do que pode acontecer conosco", disse um familiar, sob anonimato.

Em seu depoimento, por volta de 10h30, "Pitote" negou o crime. “As verdadeiras declarações são que eu não sou envolvido neste crime e foram os próprios policiais da investigações que plantaram provas contra mim. Eles queriam me incriminar de qualquer jeito e chegaram e me ameaçar por diversas vezes”, disse. Ele afirmou que conhecia o Lúcio antes mesmo de ele ser policial e que os dois são amigos.

Além disso, ele se defendeu dizendo que quando o jornalista Rodrigo Neto foi morto ele estava em casa, e quando o fotógrafo Walgney Carvalho foi assassinado, ele estava doente.“As armas encontrados na minha casa foram plantadas lá”, disse.

Em agosto de 2014, o policial Civil Lúcio Lírio Leal, citado pelo réu no depoimento, foi julgado e condenado a 12 anos de prisão em regime fechado pelo envolvimento nos homicídios. 

O promotor de acusação, Francisco Ângelo Silva Assis, questionado sobre outros envolvidos ainda estarem soltos, disse que o "Ministério Público trabalha com casos concretos. cada caso vai ter a sua própria sorte conforme as provas, conforme os elementos. Nem todos tiveram sucesso, mas alguns sim. Justiça se faz assim, enfrentando cada caso de acordo com sua respectiva prova", disse. 

Ele também disse que este foi um caso emblemático e que a sociedade atendeu às expectativas. "O Ministério Público (MP)  acredita que a Justiça foi feita. Com relação ao mandante do crime, o MP continuará cobrando o que ainda precisa ser esclarecido. 

Já o advogado de defesa, disse que a condenação foi "totalmente contrária aos autos". "A própria vítima disse que não viu nada. Eu pergunto a vocês agora se a sociedade está satisfeita com isso. O caso Rodrigo neto acabou agora, com a prisão de dois bois de piranha (se referindo a Lúcio, preso no ano passado, e agora, Alessandro). Mas não se descobriu ainda nem mesmo a motivação do crime, nem os mandantes. A defesa está inconsolada. Perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra", disse. 

Atualizada às 19h45.