A transferência de apenas 15 das mais de 120 aeronaves que operam no Aeroporto Carlos Prates, que recebeu o ultimato e precisará de ser fechado até o próximo domingo (1º de abril), foi o suficiente para interromper a chegada de qualquer aeronave – que não tenha vaga em algum hangar – ao Aeroporto da Pampulha. O problema registrado nesta quinta-feira (30 de março) ocorre após as aeronaves terem sido levados de um terminal de Belo Horizonte para o outro como forma de protesto, na última quarta-feira (29).

O presidente da Associação dos Concessionários, Usuários e Amantes do Aeroporto Carlos Prates (Voa Prates), Estevan Velásquez, explica que o terminal da Pampulha continua funcionando normalmente, mas, apenas, para quem tem vaga em algum hangar. "O pátio 2 está lotado com as nossas 15 aeronaves. Quem não tem vaga, terá o plano de voo negado por conta do estacionamento estar fechado. Só hoje já temos pelo menos 30 planos que foram negados", pontua. 

Com isso, qualquer pessoa que chegar de fora, seja de uma cidade de Minas ou de outro Estado, antes mesmo de decolar receberá como resposta que o Aeroporto da Pampulha não poderá ser o seu destino, ainda ao tentar traçar o plano de voo. Isso acontecerá até mesmo para quem precisar apenas de passar o dia na capital mineira.

"Isso é o que vai acontecer a partir de sábado, por que não temos onde colocar as outras 108 aeronaves que continuam no Carlos Prates. Quinze deles já lotaram o pátio da Pampulha, e não podem aceitar mais pois só existem estas vagas. Se chegassem mais aviões, o tráfego entre os hangares ficaria impossibilitado", explicou. 

O TEMPO procurou a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), que é a companhia que opera o Aeroporto da Pampulha e outros 12 terminais aeroviários do país.

Em nota, a reportagem foi informada que "o Aeroporto da Pampulha segue operacionalmente funcionando e respeitando as restrições de posições de pátio, de acordo com as normas e orientações de segurança previstas pela agência reguladora - ANAC".

Aeroportos do interior também poderão ser "fechados"

Velásquez explica ainda que, nesta quinta, outras nove aeronaves deverão seguir para o Aeródromo de Pará de Minas, na região Centro-Oeste do Estado. Com isso, assim como a Pampulha, o terminal ficará lotado e não poderá receber voos que não tiverem uma vaga própria para estacionar em algum hangar.

O mesmo poderá ocorrer com o Aeródromo de Divinópolis, na mesma região, também poderá receber duas aeronaves que seriam o suficiente para "fechá-lo".

"Isso tudo foi apenas falando do problema das aeronaves que ficavam no Aeroporto Carlos Prates. Nem chegamos na questão das empresas que precisam de hangar, das escolas que precisam de toda uma estrutura para fazer a homologação e poderem funcionar. Não começamos a falar do grandíssimo problema que vai ser gerado com os desempregados, e dos alunos que não terão onde fazer suas aulas", completou o presidente da Voa Prates. 

Deputado fará comissão para discutir assunto


Diante do problema enfrentado, o deputado estadual Alencar da Silveira Jr. (PDT) criticou o problema e afirmou que pretende abrir, muito em breve, uma Comissão para discutir o problema. "Se você tiver um problema de saúde e precisar descer no Aeroporto da Pampulha, você não poderá pois ele não está comportando mais aviões. Estamos com um prazo muito curto, então acredito que, de hoje para amanhã, o Governo vai ter que tomar alguma providência", disse. 

O parlamentar afirmou ainda que, para evitar problemas semelhantes no futuro, ele tem um Projeto de Lei (PL) que tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para evitar a construção de residências em um raio de 3 quilômetros do Aeroporto Internacional de Confins. 

"Com isso, nós vamos prevenir uma situação semelhante que poderia ocorrer por lá daqui a 10, 15 anos. Essa lei servirá para que, quando nossos filhos estiverem aí, não tenhamos um problema de fechamento de outroaeroporto", ponderou Jr.