Os infectologistas que compõem o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Belo Horizonte se reúnem na próxima quarta-feira (7) para analisar o atual momento da pandemia na cidade, que está há um mês com comércio não essencial fechado.

Houve uma melhora no número de transmissão por infectado, que agora está em 0,99 – isso quer dizer que cem infectados transmitem em média para 99 pessoas, apontando para uma tendência na redução da transmissão comunitária. Este indicador não estava no patamar verde desde o dia 24 de fevereiro.

Mas isso não quer dizer que a flexibilização já aconteça nesta semana, já que o número de internações ainda é muito alto, com piora nos indicadores de acordo com o boletim epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte desta segunda-feira (5). A ocupação de leitos de UTI subiu de 92,5% para 98,8%, enquanto a de unidades na enfermaria cresceu de 81,1% para 82,5%.

O boletim aponta que há 1.113 pacientes internados em leitos de UTI Covid na capital e menos de 20 vagas na rede privada. Nos hospitais que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS), todas as 549 vagas estão ocupadas.

“Acho que ainda temos que esperar mais um pouco. A taxa de ocupação, olhando só para o SUS hoje, está acima de 100%. E abril, no Brasil, promete ser um mês mais letal do que foi março. Podemos chegar a 4 a 5 mil óbitos por dia”, afirma Unaí Tupinambás, integrante do comitê e professor da UFMG.

Também integrante do comitê, Estevão Urbano afirmou que houve melhora em um indicador, mas a situação ainda é muito grave na cidade. “Em muitos hospitais ainda existe fila para internar. Então a gente tem que se apegar a essa pequena melhora, mas ter muita cautela nas ações. Existe possibilidade de alguma liberação, mas com muita cautela e várias medidas serão colocadas à mesa para discussão”, diz o infectologista.

Alguns dados apresentados no boletim epidemiológico mostram que a situação da pandemia em BH ainda é gravíssima. Na semana passada, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizou 1.234 atendimentos associados à Covid – um recorde desde março do ano passado. O número é 16,8% maior do que o registrado na semana anterior.

O boletim mostra ainda que a taxa de isolamento social foi pequena durante o feriadão. Na Sexta-feira da Paixão, 50,7% dos moradores ficaram em casa, enquanto no sábado a taxa caiu para 49,8%.