Depois de uma primeira alta e posterior recaída, mais uma vez o pedreiro Egilmar Afonso Fernandes, 35, conseguiu voltar para casa. Foi ele quem levantou cada tijolo do imóvel, que aproveitou por pouco tempo. A família adaptou o quarto e a vida para tê-lo por perto e cuidou de Egilmar por dois meses.
Egilmar ainda conseguiu dirigir o carro que havia comprado pouco antes
Na véspera de sua morte, Egilmar admitiu que não estava suportando mais. Teve uma crise de dor que durou 20 minutos. Enquanto ele rezava, a equipe paliativista angustiava-se com a cena, sem conseguir aliviar seu sofrimento.
Os médicos ficaram, então, junto dele por mais de duas horas, até que ofereceram a sedação. “Mas eu vou acordar?”, perguntou ele. Consciente, ouviu que ficaria sonolento e que poderia evoluir a óbito, mas aceitou. Abraçou cada um da equipe. “Todos choraram, foi mágico. A gente tirou a sonda, ele abriu os olhos, respirou profundamente. Levou a mão no nariz e disse: ‘Meu Deus, não lembrava mais como era respirar sem a mangueira’”, narra a médica Camila Alcântara. Egilmar pediu para tomar um suco, deu um gole de canudinho, sorriu e disse que tinha sido o melhor suco de sua vida... e se foi horas depois.