Em três anos

Arrecadação com radar cai 18% 

Redução ocorreu apesar do aumento no número de equipamentos, que passou de 97 para 290

Seg, 13/06/16 - 03h00
Fiscalização. Entre 2013 e 2015 o número de radares aumentou 198,9% em Belo Horizonte; especialistas acham positivo o crescimento | Foto: Alex de Jesus – 26.6.2015

Nos últimos três anos, Belo Horizonte passou por uma expressiva expansão na quantidade de radares. Se no fim de 2013 eram 97 equipamentos espalhados pelas ruas da cidade, no ano passado esse número subiu para 290, uma alta de 198,9%. Se há quem tema que esse crescimento tenha como consequência o aumento da arrecadação da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), os números mostram o contrário. Nesse mesmo período, as receitas oriundas de multas caíram 18%, passando de R$ 96,6 milhões para R$ 79,2 milhões. Para especialistas ouvidos pela reportagem, os dados derrubam o mito da “indústria da multa” e mostram que os radares têm um efeito educativo na população, capaz de fazer com que os motoristas respeitem com mais frequência as leis de trânsito.

Uma das infrações em que o impacto da implantação dos radares se mostra mais positivo é a de avanço de sinal. Ao fim de 2013, Belo Horizonte contava com 40 equipamentos instalados, e foram registradas 140.136 multas por esse tipo de infração na cidade. Em 2015 passou a funcionar um total de 165 radares de avanço semafórico, um incremento de 312%; já as multas seguiram a tendência inversa e caíram 43%.

“Essa é a resposta esperada quando há a expansão de radares. Nos primeiros três meses pode até crescer o número de multas, mas, logo na sequência, há uma queda. Nenhum gestor aumenta o número de radares porque vai arrecadar mais, pois não é isso que acontece”, explicou o professor de engenharia de transporte e trânsito da Universidade Fumec Márcio Aguiar.

Consultor de trânsito e transportes, Osias Baptista explica que a forma de instalação de radares da BHTrans prioriza a educação. “Não são radares espalhados. Em uma mesma avenida há vários equipamentos. Dessa forma, há uma redução da velocidade, que resulta em menos mortos e feridos no trânsito e menos aplicações de multas”, destacou. Osias afirma ainda que os radares caminham para serem deficitários, gastando mais do que arrecadando.

Segurança. O chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Junior, também confirma que os radares são um instrumento que educa o motorista e reduz as mortes no trânsito.

Números

79.486 multas por avanço de sinal foram aplicadas em 2015.

473.547 veículos acima da velocidade foram flagrados pelos radares no ano passado.

134.020 autuações por invasão de faixa exclusiva para ônibus foram registradas.

Saiba mais

Prevenção. Segundo a BHTrans, a utilização de radares de controle eletrônico de velocidade preserva, em média, 180 vidas por ano. Os cálculos foram feitos comparando-se a situação atual com a do ano de 2000, quando teve início a implantação desse tipo de fiscalização na cidade. A autarquia frisou que não há distorções nos equipamentos, que só multam quem desrespeita a lei.

Vítimas. No ano 2000, foram registradas 4,37 mortes para cada grupo de 10 mil veículos em Belo Horizonte. No ano de 2014 (dado mais recente), a taxa caiu para 1,08 morte para cada 10 mil veículos no município. Uma queda de 75%.

Frota. Essa redução ocorreu apesar de a frota de veículos da capital ter mais que dobrado de 2000 até 2014. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), ela passou de 679.727, em 2000, para 1.632.215 veículos, em 2014.