Fazer ameaças, não ter apreço pela vida, ressaltar sempre o sentimento de solidão. Esses são alguns dos sinais dados por adolescentes em sofrimento mental, que se não tratados, podem resultar em ataques como o promovido por um adolescente de 14 anos nessa terça-feira (veja lista abaixo). O rapaz matou um menino de 14 anos e feriu outros três jovens na saída de uma escola em Poços de Caldas, no Sul de Minas, e alegou que sofria bullying. De acordo com o psicólogo Thales Coutinho, assassinatos em massa, em geral, são precedidos por sinais. No entanto, é difícil para pessoas leigas compreendê-los, daí a importância de procurar ajuda profissional, com psicólogos e psiquiatras.
Antes de qualquer coisa, Coutinho lembra que não é porque um adolescente está em sofrimento mental ou sofreu bullying que irá matar alguém. Esses casos, segundo ele, são raros, sendo que a maior parte das pessoas enfrenta as dificuldades nas escolas sem promover assassinatos. No entanto, é preciso estar atento porque eles existem, e qualquer sinal deve ser levado a sério, conforme o psicólogo.
“O bullying, em geral, diminui a autoestima das pessoas, além de provocar solidão. Esses fatores aumentam, agravam ou até mesmo criam algum problema psiquiátrico, instalando um transtorno. É preciso buscar a devida intervenção para que esses adolescentes consigam regular as emoções. É necessário que consigam manejar a raiva, porque esse sentimento é destrutivo em um primeiro momento, mas pode ser canalizado. Essa consciência emocional se desenvolve em terapia”, afirma ele.
Conforme o psicólogo, o que os adolescentes falam precisa ser levado a sério, por mais que pareça algo “da idade”. Um profissional é capaz de distinguir o que é de fato uma ameaça de massacre verdadeira, por exemplo, de algo feito com o intuito apenas de atrair a atenção. No entanto, diz ele, não cabe a um leigo fazer essa diferenciação.
“Não dá para deixar passar batido. Mesmo que o adolescente esteja em um momento de revolta, não é normal uma revolta com plano homicida. É preciso um suporte para entender até que ponto é um exagero ou se existe mesmo um fundo de concretude”, diz ele.
Veja lista de sinais dados por adolescentes
- Pouco apreço pela vida. Se um adolescente diz ou demonstra que não gosta de viver, não se empolga com nada ou não pensa no futuro, isso pode ser um alerta.
- Identificação com a morte. Muitas vezes, o jovem exalta a morte ou diz desejá-la. É preciso estar atento à idealização de não mais querer viver.
- Ter a ideia de que ‘nada vale a pena’. Se o adolescente acredita que nada vale a pena, que estudar não leva a nada, que ter amigos não é importante, ou semelhantes, isso pode ser um problema.
- Escapismo. Adolescentes que vivem em uma realidade paralela podem estar tendo sérios problemas com o mundo real. Isso pode significar que ele se sente muito desconfortável e triste com a própria realidade.