Técnicos da Agência Nacional de Mineração (ANM) estiveram durante esta terça-feira (26) vistoriando nove barragens em Congonhas e Ouro Preto, na região Central de Minas, que poderiam ter sido afetadas pelo tremor de terra que aconteceu na noite dessa segunda-feira (25). Porém, constatou-se que nenhuma delas teve danos. A Defesa Civil do estado, que aconpanhou a agência nos trabalhos, reforçou que não foi encontrada nenhuma alteração nas estruturas.

Segundo os especialistas da ANM, as barragens, que são das mineradoras CSN e Vale, precisavam ser inspecionadas para assegurar que o fenômeno não provocou nenhuma anomalia nelas. De acordo com o sismógrafo da Universidade de Brasília (UnB), o terremoto atingiu a magnitude de 3.2 na escala Richter.

Congonhas

Logo pela manhã, os fiscais nas barragens Casa de Pedra e B4, ambas da empresa CSN Mineração, e analisaram todos os instrumentos medidores, como piezômetros, indicadores de níveis de água, drenos de fundo, cristas e ombreiras. Não foi detectada nenhuma anomalia que chame a atenção para acionar qualquer tipo de emergência.

Ouro Preto

Pela tarde, a vistoria foi nas barragens da Vale: Forquilhas I, II, III e IV e a barragem Grupo. Por já estarem em níveis 1,2 e 3 de emergência, os técnicos da ANM estão impedidos de entrar nas estruturas, mas puderam analisar os fatores de segurança por imagens feitas por drone, e visitaram o centro de monitoramento geotécnico da empresa. Alguns piezômetros e a microssísmica receberam resposta ao sismo durante a noite dessa segunda-feira, mas já apresentam leitura de normalidade.

Medo

O abalo sísmico na cidade de Congonhas reacendeu o medo de milhares de pessoas que vivem aos pés de uma das barragens de rejeitos de minério que cercam a cidade.

Era 20h30, aproximadamente, quando o aposentado Realino Meira Soares, de 63, pensou que aquele tremor fosse apenas um trem passando. "A cama tremeu comigo, as janelas bateram. Só de manhã que descobri que tinha sido a terra. Ouvi dizer que pode acontecer outro mais violento, mas disseram que não tem perigo para a barragem, né?", questionou desconfiado. 

Logo após o abalo de 3.2 na escala Richter, a Defesa Civil compareceu ao local e afirmou que as empresas donas das barragens, CSN e Vale, atestaram não haver risco de rompimento. Não houve nenhum dano estrutural na cidade.

Apesar do atestado de segurança, o pedreiro Douglas Roberto Carvalho, de 45 anos, segue apreensivo. "Fizeram esse monstro aqui e infelizmente não temos o que fazer", afirmou.

Ele mora próximo a barragem Casa de Pedra, da CSN, que segundo a defesa civil da cidade, em caso de rompimento, levaria três segundos até que a lama atingisse os bairroa Residencial Gualter Monteiro e Cristo Rei.

Nos locais moram cerca de 2.500 famílias, segundo a estimativa da Defesa Civil. "Ainda não disseram nada. Estamos esperando um posicionamento, e seguimos inseguros", disse.

“A exemplo das outras estruturas, as barragens Vigia e Auxiliar do Vigia também serão vistoriadas, e nós já exigimos da CSN os relatórios para averiguar as condições dessas estruturas até o momento. A ANM determinou também que as duas empresas intensifiquem a inspeção e o monitoramento diário de todas as barragens envolvidas”, disse chefe de Segurança de Barragens da ANM em Minas Gerais, Wagner Nascimento.

A barragem Casa de Pedra é a maior do Brasil localizada dentro de área urbana. Diferente das barragens de Fundão, em Mariana, e de Brumadinho, que se romperam em 2015 e 2019, respectivamente, o método de construção da Casa de Pedra é por a jusante, que, apesar de mais cara, é considerada a mais segura. Neste modelo não se usa rejeitos para a construção de alteamentos.