Papo Reto

Com a palavra, os estudantes

Resultado de diálogo aberto é melhora no desempenho e na disciplina da turma

Por Bárbara Ferreira
Publicado em 10 de maio de 2015 | 03:00
 
 
Frutos. Atualmente na segunda edição, projeto deve virar livro, a ser lançado pela UFMG neste ano MARIELA GUIMARAES / O TEMPO

“No modelo de escola tradicional de hoje, muitas vezes não conhecemos direito os professores. Aqui, com uma oportunidade de conversar, comecei a ver todos de outra forma, o que me ajudou inclusive a ser um aluno mais dedicado”, afirma Walter Filipe Rezende Dias, 14, aluno da Escola Estadual Professor Leon Renault, em Belo Horizonte. Ele e dezenas de estudantes da instituição participaram do projeto Papo Reto, que promove a interação com os educadores fora da sala de aula. Alguns dos resultados foram a melhora no desempenho escolar, descobertas artísticas e mais disciplina.

Diálogo, tempo para entender a realidade dos alunos e promoção de debate igualitário são os principais objetivos do Papo Reto, criado por dois professores da escola em parceria com a psicóloga Luana Carola dos Santos, professora da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Inovadora, a iniciativa prevê a desconstrução da figura do professor como autoridade, a partir de conversas em espaços descontraídos, para que os alunos possam se abrir, tirar dúvidas e entender a importância de temas escolhidos por eles mesmos.

“Uma professora e eu conversávamos depois de uma aula, quando percebemos que os estudantes precisavam ser ouvidos. Os 50 minutos das aulas não permitem isso. Assim, surgiu a ideia de um horário só para ouvir as demandas desses alunos e conversar”, explica o professor de biologia Marcos Martins Silva, um dos idealizadores. A partir daí, a dupla fez parceria com a professora da Ufop, que já havia participado de modelo parecido de roda de conversa.

livro. O Papo Reto, que começou em 2014 e está na segunda edição, tem inspirado outras escolas e deve virar livro, a ser lançado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ainda neste ano. O objetivo da publicação é contar experiências da primeira edição, para que a ideia possa ser replicada.

Para quem começa a participar agora, a expectativa é encontrar um espaço em sem repressão. “A gente espera liberdade para falar o que pensa, sem ninguém para dizer o que está certo ou errado”, diz a estudante Gabriele Sousa, 14.