As obras de estabilização de uma encosta na Vila São Francisco das Chagas, no bairro Carlos Prates, região Noroeste de Belo Horizonte, foram entregues nesta segunda-feira (20 de novembro), após nove meses de atraso. A previsão inicial, conforme a prefeitura, era que a construção fosse concluída em janeiro deste ano. O local era considerado de risco e, durante as chuvas de 2020, foi palco de deslizamento que obrigou 20 famílias a abandonar suas casas. 

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), visitou a comunidade para entrega da obra na rua Espinosa. Segundo o chefe do Executivo, a construção faz parte de uma força tarefa montada para mitigar os riscos em encostas na capital. “Estamos trabalhando fortemente na contenção de encostas, sabemos que é um risco geológico muito grande. Aqui era um local de grande risco, com casas caindo. Faz parte de um pacote de 200 encostas que estão sendo entregues e essa é mais uma. Foi uma obra feita com muito cuidado porque a principal preocupação aqui é a segurança”, afirmou.

As intervenções tiveram investimento aproximado de R$4 milhões, vindos de recursos originários do Fundo Municipal de Saneamento (FMS). A obra foi iniciada após o local ser considerado área de preservação em função da elevada declividade, com risco geológico alto, depois que um deslizamento do solo atingiu o local durante as fortes chuvas de 2020, quando houve remoção preventiva de 20 famílias que ocupavam a encosta. A previsão inicial era de que o empreendimento fosse concluído em janeiro de 2023. Mas a obra foi entregue apenas nesta segunda-feira. 

Atuando como líder comunitário há 25 anos, Jairo Alves, 57, afirma que a obra foi entregue apenas com parte do prometido. “Essa obra ainda não é a que a gente esperava. É uma obra que veio e está ajudando bastante, mas que está pela metade. Ainda tem barracões em risco, a gente tem medo também do pessoal voltar a invadir, falaram também que teria um acesso para passagem de carros, mas não fizeram isso. Estreitaram a escadaria e não fizeram a rampa”, lamenta.

Por outro lado, Errol Pereira Arcanjo, de 70, conta que mora no local há cerca de 60 anos. Para ele, a obra é uma forma para evitar que novas tragédias como a de 2020 não se repitam. “Eu como morador, acho que está perfeito no que a gente almejava. Para mim aqui nunca veio um prefeito, foi uma honra muito grande receber o prefeito, que veio dar uma satisfação para a comunidade. Eu vi muita coisa aqui, a parte que tinha casa aqui começou a estalar de madrugada e foi uma correria para ajudar os moradores a saírem. Então é um serviço espetacular para que a gente não tenha que viver esse terror de novo”, afirma. 

Chuvas 

Após dias de seca, uma forte chuva atingiu Belo Horizonte na noite desse domingo (19). A região de Venda Nova foi a mais atingida. Segundo dados da Defesa Civil municipal, a região registrou 64,8mm de chuva em 24 horas até as 6h10 desta segunda-feira. O índice equivale a 27,5% do esperado para todo o mês de novembro. 

A avenida Vilarinho chegou a ser interditada preventivamente por cerca de 30 minutos no final da noite. Entretanto, nenhuma ocorrência foi registrada no local. O motivo pode ser o “piscinão” construído pela prefeitura que conseguiu reter grande parte da chuva. A estrutura, entregue no final de 2021, foi construída para ajudar na prevenção de enchentes na avenida Vilarinho, ponto crítico durante as chuvas há muito tempo na cidade.

O prefeito Fuad Noman garantiu, na manhã desta segunda, que as autoridades estão preparadas para evitar que a cidade seja palco de tragédias causadas pelas chuvas, e também ressaltou as obras efetuadas para mitigar os riscos. No entanto, ele ressalta que ainda há dois pontos de risco nas avenidas Vilarinho e Cristiano Machado. “Nesses dois locais já temos obras feitas, mas não o suficiente para conter. Então a Defesa Civil e as forças de segurança tem protegido esses locais, foi o que foi feito ontem na Vilarinho para evitar riscos. A primeira chuva que estávamos esperando, veio forte e a cidade resistiu bem”, comemorou.