A macrorregião de saúde Triângulo do Norte está à beira de um colapso. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), 94% dos 254 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública da região estão ocupados. Apenas 15 unidades de terapia intensiva estão disponíveis para todas as doenças, enquanto os pacientes com Covid-19 ocupam 46,72% das UTIs.
A situação atinge várias cidades da região, como Uberlândia e Araguari. Em Monte Carmelo, a rede pública está lotada, e quase faltou oxigênio para os pacientes. Graças à mobilização da comunidade, a Prefeitura de Monte Carmelo conseguiu a doação de 90 cilindros de oxigênio, fundamentais para o tratamento dos pacientes com Covid-19 internados em UTIs.
No último sábado, o prefeito Paulo Rocha (PSD) havia feito um apelo nas redes sociais para que a população emprestasse cilindros de oxigênio, para conseguir reabastecer os hospitais públicos. Os equipamentos chegaram graças a moradores e a um grupo de empresários, que viabilizaram a compra de 60 cilindros.
“Estamos em uma situação de colapso na saúde. Todos os leitos de enfermaria e UTI para pacientes com Covid-19 estão ocupados. Transferimos pacientes para Montes Claros, Pirapora e Divinópolis”, afirmou o prefeito. Essas cidades ficam em outras regiões do Estado.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação em Monte Carmelo, até o dia 27 de janeiro, a cidade havia tido 18 mortes por Covid-19. Desde essa data, o município, de cerca de 48 mil habitantes, registrou mais 22 óbitos relacionados à doença. “Em 15 dias, tivemos mais mortes do que em dez meses de pandemia. E dessa vez estão morrendo mais pessoas jovens. Eu acabo de perder um primo que tinha 43 anos”, disse o prefeito.
O colapso aconteceu, segundo o prefeito, por causa das viagens de férias. “Estamos próximos de Caldas Novas (Goiás), e muitas pessoas viajaram para lá ou para praias. Depois trouxeram o vírus”, afirmou Paulo Rocha.
Para conter a transmissão do novo coronavírus na cidade, Monte Carmelo está somente com o comércio essencial aberto. A medida é válida até o próximo domingo, mas pode ser prorrogada caso a situação ainda esteja crítica.
Cidade vizinha, Coromandel, que não possui leitos de UTI, também passa por uma situação complicada. Por meio de um vídeo nas redes sociais, o prefeito Fernando Breno (Patriota) afirmou que está solicitando uma visita do secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, e o envio de profissionais de saúde para o município.
Com a palavra, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG)
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) afirmou que vem trabalhando constantemente para solucionar os entraves e prestar assistência adequada aos pacientes. Abaixo, você confere o comunicado na íntegra.
O Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), tem monitorado constantemente a situação do aumento de casos na macrorregião Triângulo do Norte e trabalha para que todos os pacientes tenham acesso à assistência médica adequada.
No fim de semana, a SES-MG implementou o Plano de Evacuação de Pacientes, em que foram transferidos cinco pessoas em estado grave dos municípios de Coromandel e quatro de Monte Carmelo para Divinópolis, na macrorregião Oeste. Na segunda (15), uma reunião com prefeitos reforçou a necessidade de os municípios adotarem medidas mais restritivas.
Nesta terça (16), uma comitiva da SES-MG está na macrorregião do Triângulo Norte e deve permanecer até quarta-feira (17) para definir ações estratégicas como orientar e auxiliar municípios e prestadores quanto ao aumento de casos. O Governo do Estado, por meio da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), enviou para Coromandel uma equipe composta por médico intensivista, médico infectologista, fisioterapeuta, enfermeiro e técnico em enfermagem para auxiliar na assistência à população.
Quanto à disponibilidade de gases medicinais, especialmente o oxigênio, o fornecimento se encontra normal. Pontualmente, no município de Monte Carmelo, havia a necessidade por cilindros de oxigênio, o que foi localmente resolvido, no domingo (14).
O Governo de Minas Gerais, por meio de suas Secretarias de Saúde e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, tem acompanhado e monitorado o consumo de oxigênio e outros insumos e suprimentos relacionados ao enfrentamento da COVID-19. O monitoramento abrange o acompanhamento do consumo junto a municípios e/ou prestadores, bem como, em alguns casos, conversas diretas com fornecedores estratégicos.