No Horto

Confronto entre PM e torcedores deixa feridos e casa destruída

De acordo com moradores, policiais invadiram casa e jogaram bomba de efeito moral dentro do banheiro de uma residência, moradores e torcedores ficaram feridos.

Por Nathália Lacerda e Natália Oliveira
Publicado em 01 de novembro de 2015 | 19:53
 
 
Banheiro da casa ficou completamente destruído

Moradores e torcedores feridos, uma casa destruída, garrafas quebradas e sangue pelas ruas. Esse foi o cenário visto no entorno do estádio do Independência, no bairro Horto, região Leste de Belo Horizonte, depois de um confronto entre torcedores do Corinthians e a Polícia Militar, pouco antes do jogo entre o time paulista e o Atlético Mineiro.

Segundo os moradores da rua Ismênia, vários torcedores do Corinthians chegaram correndo na rua e invadiram casas. A polícia foi atrás deles e agrediu os moradores para entrar na residência. “Eles chegaram me empurrando, me apertaram e depois foram para cima de todo mundo”, contou a estudante Tilia Cardoso, 14, que estava com a perna roxa. Segundo ela, fruto de uma cacetada de um policial.

Na casa da menina um torcedor se escondeu dentro do banheiro e os policiais quebraram a porta para retira-lo e chegaram a jogar uma bomba de gás lacrimogênio dentro do cômodo. “Meu vaso foi completamente destruído”, reclamou o autônomo Anderson Cardoso Pereira, 39. Ele levou uma cacetada no rosto e estava com a cabeça e o nariz ensaguentados.

Os moradores contaram ainda que havia muitas crianças na rua e três grávidas quando a confusão começou e os policiais foram atrás dos torcedores do Corinthians. Ainda de acordo com os moradores, os policiais agrediram bastante os torcedores, que revidaram com garrafas. As ruas no entorno do estádio ficaram cheias de vidro quebrado.

Os torcedores contaram que foram até a porta do estádio, porque tiveram a informação que seriam vendidos ingressos duas horas antes do jogo e a Polícia Militar formou uma fila com quem tinha ingresso e quem não tinha, porém eles foram informados que a venda estava encerrada e ficaram revoltados. 

“A polícia começou a jogar bombas de gás lacrimogênio, duas pessoas ficaram muito feridas, uma com braço quebrado e outra com um corte grande na cabeça”, contou o torcedor que veio de São Paulo, Ronaldo Linhares, 31. Segundo ele, as vítimas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Em meio a confusão, ele perdeu o ingresso e não assistiu ao jogo no estádio.

Na avenida Cristiano Machado também houve confusão antes do jogo entre policiais e torcedores. Alguns atleticanos ficaram feridos com estilhaços de bombas de efeito moral e foram para o estádio em busca de postos de atendimento médico. Muitas garrafas e pedaços de pau também ficaram espalhados pela avenida.

Resposta. Procurado pela reportagem para esclarecer os fatos registrados antes do jogo, o tenente-coronel Gianfranco Caiafa, comandante do Batalhão de Choque da PM, se recusou a falar com o jornal O TEMPO. Ele disse que não daria entrevista especificamente para este periódico por causa do episódio do tiro de borracha que atingiu o fotógrafo de O TEMPO, em uma manifestação no mês de agosto, alegando certa "deturpação" de suas informações.

Solidariedade. Depois da confusão, uma professora moradora do horto acolheu cerca de 50 torcedores em sua casa. “Tinha muita gente machucada, eu acolhi eles porque tinha criança no meio da confusão”, contou Socorro e Couto, 48. Ela serviu leite e refrigerante para o grupo.