Belo Horizonte está com 87% dos leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI) destinados à Covid-19 ocupados e com 67 % das vagas para a doença nas enfermarias preenchidas. Em uma semana, o índice que mede a velocidade de transmissão também cresceu: passou de 1,09 para 1,13. Os números fizeram o Conselho Municipal de Saúde recomendar, nesta sexta-feira (3), que a prefeitura implemente o lockdown.
“Temos acompanhado a situação dramática, com lotação nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), nos hospitais públicos e privados. Vários já estão com 100% de ocupação e, diante disso, se a cidade não fechar, pode morrer gente por falta de leito”, afirma a presidente do conselho, Carla Anunciatta.
Na semana passada, o prefeito Alexandre Kalil decidiu voltar à estaca zero e mandou fechar lojas que antes tinham sido autorizadas a abrir. De lá para cá, o número de casos continuou aumentando rápido, com crescimento de 45%. Mas, com a abertura de novos leitos, a situação da ocupação dos leitos foi estabilizada.
Entre 26 de junho e 2 de julho, a taxa de ocupação da UTI se manteve em 87%, para pacientes com Covid-19. Nesse período, foram registradas 33 novas internações e abertos 34 novos leitos. Já nas enfermarias, foram 70 novas internações e 104 novos leitos, sendo 60 abertos só de quarta-feira para quinta-feira. Com isso, a taxa de ocupação, que chegou a 73% na quarta-feira, caiu para 67%.
Se a ocupação das enfermarias tivesse se mantido acima de 70%, a situação acenderia um alerta para lockdown na cidade, pois seria o segundo indicador no nível vermelho, o que já é um forte indício para fechar a cidade totalmente. Entre os critérios considerados para avançar na flexibilização estão as taxas de ocupação dos leitos e a velocidade de transmissão do vírus, que está em 1,13 e, se chegar a 1,2%, entra no vermelho.
Na avaliação do infectologista Estêvão Urbano, integrante do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 da prefeitura, os níveis indicam uma estabilidade e, hoje, não justificam o lockdown.
“Não vamos tomar essa medida imediatamente, mas ela pode ser necessária amanhã ou depois de amanhã, pois a pandemia é dinâmica e, a cada dia, temos uma necessidade distinta”, explica Urbano. O comitê acompanha diariamente os índices de saturação dos leitos e de velocidade de transmissão da doença, para embasar as decisões.
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Em nota, a prefeitura de Belo Horizonte confirmou que recebeu a recomendação do comitê, e a classificou como "sugestão". O Executivo ressaltou que "o Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19" acompanha "três indicadores fundamentais para definir os passos do plano de reabertura gradual do comércio: a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid, de enfermaria e o índice de transmissão".
"Toda decisão do Executivo é baseada no monitoramento desses índices. O Comitê de Enfrentamento avalia que enquanto não surgir uma vacina para controle do novo Coronavírus a cidade terá que conviver com reaberturas e fechamento do comércio, dependendo dos níveis de avaliação, diz o texto.
Atualizada às 21h.