Teste de antígeno

Estoque de testes rápidos de Covid-19 acaba em laboratórios de BH

Lustosa e Hermes Pardini ficam sem teste após alta da demanda

Seg, 17/01/22 - 12h10

O estoque de testes rápidos de Covid-19 acabou em pelo menos duas das maiores redes de laboratórios em Belo Horizonte, em meio à alta da demanda nas últimas semanas. 

Nos laboratórios Lustosa, a chegada de novos produtos deve demorar uma semana. “Atualmente, o teste de antígeno para Covid-19 está suspenso por falta de insumos. Um novo lote de kits tem previsão de ser entregue no Lustosa na semana do dia 24 a 28 de janeiro. Os testes RT-PCR permanecem disponíveis no Lustosa e não há previsão de desabastecimento desses exames”, detalha a empresa, por meio de nota.

O diretor técnico do laboratório, Adriano Basques, pondera que os fornecedores de teste foram surpreendidos pela ômicron. “Com as outras variantes, também vimos uma curva de ascensão, mas gradual, então a indústria ia aumentando a capacidade produtiva para suprir todo o mercado. Agora, temos um crescimento exponencial de casos e o teste é consumido pelo mundo inteiro”, diz.  

No Hermes Pardini, a opção está em falta em todo o Estado desde domingo (16). A previsão inicial do laboratório era de recebimento de mais testes apenas no próximo final de semana, porém os produtos já começaram a chegar e são distribuídos a partir desta segunda-feira (17). Em BH, algumas unidades haviam recebido testes nesta tarde. A orientação do laboratório é que o paciente ligue na unidade antes de sair de casa para conferir a disponibilidade ou solicite a opção de testagem em domicílio. Os testes do tipo RT-PCR, mais caros, não tiveram falta. No Laboratório São Paulo, há estoque dos dois tipos de teste. 

A reportagem entrou em contato com unidades da Drogaria Araujo na manhã desta segunda-feira e, pelo menos em uma, no bairro Castelo, na região da Pampulha, os testes de antígeno estavam em falta. Em outra unidade, no bairro Gutierrez, na região Centro-Sul, havia agendamento somente a partir de terça (18). Procurada pela reportagem, a empresa esclareceu que, no caso de falta de testes, há abastecimento diário das unidades e que o agendamento é necessário devido à alta procura, a fim de evitar tumulto, filas ou aglomeração nas lojas. 

Falta de insumos 

A presidente do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRFMG), Júnia Célia de Medeiros, explica que, nas farmácias, ainda não há registro de desabastecimento, em geral, porém as distribuidoras passam por escassez de insumos. “Isso é devido à falta de insumos na indústria de material médico, que produz os testes rápidos, porque o Brasil é dependente de matéria-prima externa”, pontua. 

Os testes rápidos de antígeno são opções mais baratas de testagem e são utilizados na primeira semana de sintomas. Eles são uma opção interessante, segundo especialistas, principalmente para detectar pessoas na fase sintomática da doença. Atualmente, o Ministério da Saúde também pleiteia a aprovação de autotestes de Covid-19 à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A opção permite coleta pelo próprio usuário e resultado rápido em casa. 

Associação sugere priorização de públicos 

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) também alerta para a falta de insumos para testes rápidos e do tipo RT-PCR e, em uma nota técnica publicada na última semana, sugere que os associados priorizem os grupos de testagem

Pela perspectiva da associação, devem ser priorizados os pacientes com maior gravidade de sintomas, pessoas hospitalizadas, integrantes de grupos de risco para o agravamento da Covid-19, gestantes, trabalhadores assistenciais da área da saúde e funcionários de serviços essenciais. 

“Quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil, não sendo possível mensurar nesse momento até quando poderemos atender, pois os estoques são variados dependendo do laboratório e da região, mas há um risco real de desabastecimento”, afirma a nota. 

A infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Raquel Stucchi discorda da adoção de grupos prioritários. "Do ponto de vista sanitário,  é uma catástrofe. O que acho é que devemos orientar melhor quando fazer e quando não fazer testes. Após dez dias de isolamento, não é para fazer exame", pontua. 

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