Tecnologia

Falhas no sistema entram no caminho do programa Bike BH

Erros fazem com que bicicletas não possam ser retiradas e geram até cobranças indevidas

Por Luiza Muzzi
Publicado em 03 de janeiro de 2015 | 04:00
 
 
Sugestão. Os ciclistas Gustavo e Guilherme Bandeira acreditam que falta ao Bike BH uma ferramenta para notificação das falhas encontradas FOTO: MOISES SILVA / O TEMPO

O programa de compartilhamento de bicicletas Bike BH completa seis meses na próxima semana com grande adesão dos belo-horizontinos, mas ainda muitas falhas. O projeto tem sido alvo de reclamações constantes, principalmente em relação a erros no sistema de identificação e liberação das bikes. Na expectativa por uma grande procura do serviço neste mês de férias, muitos ciclistas temem que as repetidas dificuldades prejudiquem ainda mais o uso das “laranjinhas”.

Para ouvir usuários e testar o sistema, a reportagem de O TEMPO percorreu, nesta quinta, dez das 40 estações do Bike BH, e, em todas, pelo menos um problema foi identificado. Entre as falhas, a mais comum foi a falta de compatibilidade entre a quantidade de bicicletas na estação e o número apontado pelo sistema, o que fez com que muitas pessoas, mesmo tendo a bike livre a sua frente, não conseguissem retirá-la. Outras vezes, mesmo reconhecendo a bicicleta, o sistema não a destravava para uso.

O problema frustrou a professora Kátia Figueira, 47, que aproveitou o feriado para ir de Contagem, onde mora, até a lagoa da Pampulha só para dar uma volta. “Só tem duas bicicletas na estação, uma quebrada e outra liberada, mas que não conseguimos retirar. Vim no entusiasmo, mas não deu”.

Muitas vezes, além de impossibilitar o uso, o erro na leitura das bicicletas acaba levando a um problema ainda mais grave: a cobrança indevida. Não reconhecendo a devolução, o sistema considera que a bike ainda está em uso, gerando multas exorbitantes aos usuários. A falha aconteceu com a equipe de reportagem na última quinta-feira. Mesmo tendo devolvido a bicicleta dentro do tempo estipulado, o sistema só foi reconhecer a devolução 21 horas depois, o que gerou uma cobrança indevida de R$ 203.

Além da cobrança irregular, o usuário precisa ter paciência para resolver o problema pelo telefone. “Por duas vezes eu entreguei a bike, mas não caiu no sistema e veio a cobrança no cartão de crédito de uso que não fiz. Tive que ligar para lá, em um número que não é 0800, para que eles abrissem um protocolo e estornassem o valor”, reclamou o ciclista Jefferson Pereira. Mas nem mesmo tanta burocracia desanima Pereira, que tem o passe mensal do programa e chega a ficar meia hora para conseguir retirar uma bike. “O programa é bom. Se funcionasse direitinho, seria dez”.

Responsável

Sem resposta. A Serttel – empresa responsável pelo projeto – foi procurada nos últimos dois dias, mas informou que, em função do fim de ano, só iria se pronunciar a partir de segunda-feira.

Mais dados

Desligadas. Uma reclamação frequente dos usuários do Bike BH é em relação às estações, que estão frequentemente “offline”, sem que seja possível retirar ou devolver a bicicleta. Procurando seis bikes para rodar a lagoa da Pampulha com os amigos, o engenheiro Marcos Amaral, 28, teve problemas na estação Bem-Te-Vi. “A única estação que têm muitas bicicletas não funciona”.

Fora do ar. No último domingo, o estudante Fernando de Barros Silva, 27, também teve problemas para pedalar, já que o sistema ficou quase uma hora sem funcionar. “Sempre que vou alugar uma bicicleta, há alguma instabilidade com o sistema. Acho que é uma questão de dimensionamento. O serviço ainda não está preparado para o número de usuários que possui”.

Adesão. Desde a implantação das quatro primeiras estações, em junho, até nesta sexta, o Bike BH fez 41.287 viagens. Com a conclusão, em dezembro, da instalação das 40 estações – são 400 bicicletas no total –, o número de cadastrados chegou a quase 35 mil.