Emergência

Família de homem que bebeu Backer pede ajuda com tratamento de R$ 8,9 mil/mês

José Osvaldo de Faria está internado há mais de um ano; ele sofreu cinco paradas cardíacas e, transferido da UTI para o quarto, precisa de auxílio 24 horas, o que custa cerca de R$ 9 mil

Seg, 08/06/20 - 13h39
Eliana Reis perdeu o marido, José Osvaldo Faria, vítima da Backer | Foto: Mariela Guimarães

Há um ano e quatro meses, as lágrimas insistem em embargar a voz de Eliana Reis de 56 anos que luta pela sobrevivência do marido. José Osvaldo de Faria, 66, está internado no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, desde fevereiro do ano passado após ingerir cervejas da Backer. Ele aparece entre os casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol investigados pela Polícia Civil que há cinco meses instaurou um inquérito a respeito. 

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Após pouco mais de 500 dias internado em um leito de UTI, José pôde ser transferido para um quarto onde precisa receber assistência médica durante todas as horas do dia. Sem apoio da Backer e frente o plano de saúde que não cobre um enfermeiro por 24 horas com ele, a família se vê obrigada a desembolsar cerca de R$ 8.900 por mês, uma quantia que não tem, para contratar uma empresa que garanta os cuidados necessários. Agora, a mulher de José e sua filha iniciaram uma campanha on-line para ajudá-las a custear o tratamento dele – veja abaixo como ajudar.

“Antes, na UTI, havia um enfermeiro para cada dois pacientes. No quarto existe um enfermeiro para cada oito e ele precisa de assistência 24 horas. É muito frágil o estado de saúde dele. Hoje o que resta do meu marido é um homem cego, com as pernas tão leves que parece que eu levanto uma toalha… ele não tem mobilidade nas pernas, não enxerga, não fala. Eles (a Backer) literalmente acabaram com ele várias vezes, incontáveis vezes. Ainda assim ele quer viver, ainda assim ele luta para viver”, desabafa a empresária Eliana Reis que dedica-se aos cuidados necessários ao marido e às finanças da casa. São aluguéis atrasados e gastos hospitalares gigantescos que nunca poderiam ser estimados antes da tragédia.

“Ainda na semana passada eu fechei com a empresa dos cuidadores sem saber como eu ia pagar. Eu falei para os advogados: ‘qualquer coisa vocês me tiram da cadeia, mas eu preciso’. Então, fechei com a empresa e minha filha falou para pedirmos ajuda. Hoje pensamos ainda nas adaptações que precisamos fazer para quando ele puder voltar para casa. É uma outra realidade que a gente não imagina que vai passar quando compra um apartamento”, detalha.

Além dos gastos que não são cobertos pelo plano de saúde ou custeados pela Backer, Eliana encontrou-se perdida após sofrer dois acidentes de carro em função da sobrecarga emocional enfrentada nos últimos meses e diante da necessidade de garantir equipamentos médicos confortáveis para o marido. Até o momento, apenas de estacionamento para permanecer no hospital ela pagou R$ 18 mil – um custo que, na ponta do papel, ainda é menor que se ela optasse, por exemplo, pelo transporte público. 

Diariamente, ela acorda cedo e prepara todo um arsenal de equipamentos que a ajudam a se proteger contra o coronavírus – uma preocupação a mais para quem é acompanhante. Ela chega no hospital ainda nas primeiras horas da manhã, auxilia o marido nos exercícios que ele precisa fazer, coloca música para que ele ouça, massageia os pés e cuida em hidratar a pele dele.

“Meu marido, além de não enxergar, perdeu os rins logo de cara com o envenenamento. Ele já precisou ser ressuscitado cinco vezes, enfrentou nove pneumonias e venceu as nove e você não vê uma lágrima descer pelos olhos dele. Tem dias que ele está triste, mas eu coloco música, converso, faço massagem, ali ele relaxa. É tudo por ele”, comenta.

Como ajudar

Uma das preocupações da família é que o gasto estimado em R$ 8.900 é mensal. As despesas do primeiro mês estão sendo custeada pela empresa onde trabalha a filha de José Osvaldo de Faria. Entretanto, para os próximos meses, a situação é incerta e, em função disso, a família está disponibilizando duas contas bancárias para aqueles interessados em apoiá-la no tratamento dele. Os dados são os seguintes:

Depósito em nome de Letícia Reis Faria: CPF 09707612606

Conta no Itaú:

Agência: 3101

CC: 37634-5

Conta na Caixa Econômica Federal:

Agência: 0092

Operação: 013

CP: 2209-1

Posicionamento da Backer

Procurada, a Cervejaria Backer declarou a partir de uma decisão judicial de 29 de maio que a família de José Osvaldo Faria não apresentou os laudos médicos à justiça para receber auxílio. A empresa disse ainda que reconhece que “algo muito grave aconteceu e reitera que vai honrar com todas as suas responsabilidades”.

A cervejaria reafirma que nunca adquiriu dietilenoglicol, substância que causou a intoxicação dos consumidores. Quanto o pagamento de auxílio e despesas médicas, a empresa declarou que iniciou tratativas para custear as despesas emergenciais, mas que o bloqueio dos bens da companhia inviabiliza quaisquer possibilidades. O advogado de Eliana Reis, Guilherme Leroy, pontuou à reportagem que apresentou os laudos com gastos em uma reunião diretamente com a Backer entre os meses de fevereiro e março deste ano.

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