Recém-formada na escola de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a médica Gabriela Ferreira Corrêa da Costa, 26, não demorou a conseguir um emprego. Porém, apenas cinco meses depois de iniciar a carreira, ela já respondia a um inquérito policial por negligência médica.

A jovem - uma das seis pessoas presas suspeitas de envolvimento nos assassinatos dos empresários Rayder dos Santos Rodrigues, 38, e Fabiano Moura, 32 - foi denunciada por um casal do município de Dom Joaquim, no Alto Jequitinhonha, após a morte de uma criança.

Conforme um morador da cidade, que pediu para não ser identificado, a família do menino, que Gabriela teria atendido em um plantão de fim de semana, acusou a jovem de não fazer um atendimento adequado.

"A criança sentia dores fortes no corpo. Ela passou uma medicação e o mandou voltar para casa, mas o menino acabou morrendo", informou a fonte de O TEMPO.

O secretário de Saúde de Dom Joaquim, Hemerson Henrique Celestino, informou que, em agosto de 2009, Gabriela começou a trabalhar no município. Ela fazia atendimento no Programa de Saúde a Família (PSF) e, nos fins de semana, dava plantões no hospital da cidade.

"Em novembro, a Gabriela passou a apresentar um desinteresse pelos plantões, o que resultou em sua demissão", explicou o secretário. Celestino revelou, ainda, que outros dois médicos da cidade também foram denunciados pela família do menino morto.

Ainda conforme o secretário, os três profissionais atenderam a criança em um curto período. Celestino acredita que o episódio envolvendo os médicos e o menino trata-se de uma fatalidade e, não, erro médico.

Uma outra autoridade da cidade, que preferiu não se identificar, não concorda com as declarações do secretário. Ele afirmou que a jovem não vinha apresentando um comportamento satisfatório quando atendia os pacientes, além de não cumprir os horários e faltar aos plantões. "Quando ela ia trabalhar, atendia mal os doentes. Muitas pessoas começaram a reclamar dela", contou.

Ontem, a pedido de O TEMPO, o psiquiatra forense Paulo Roberto Repsold analisou o blog da médica Gabriela. "Apenas pelo que vi e li, pode-se perceber, de forma bem superficial, que provavelmente ela é uma pessoa que gosta muito de viver, e de forma bem intensa, com certa ambição por conforto e prazer, onde, não se pode, claramente, perceber que ela padeça de algum tipo de transtorno mental. Não quer dizer, necessariamente, que esse tipo de personalidade leve uma pessoa a delinquir", concluiu o psiquiatra.