"Reintegração de posse"

Grupo faz ato dentro do Estadual Central pelo fim de ocupação

Militantes do movimento Direita Minas fizeram o ato dentro da escola, ocupada desde o dia 6 de outubro, com o objetivo de dar fim ao ato dos estudantes, porém, a ocupação continua

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 28 de outubro de 2016 | 15:02
 
 
Grupo chegou a entrar na escola, mas não cumpriu a promessa de acabar com a ocupação Foto: REPRODUÇÃO FACEBOOK / THIAGO MORAES

Um grupo de jovens do movimento "Direita Minas" fez uma manifestação, nomeada por eles de "Reintegração de Posse", na Escola Estadual Governador Milton Campos, mais conhecida como Estadual Central, na manhã desta sexta-feira (28). Com tambores, cartazes e camisas do movimento e de ídolos da direita, como o deputado federal Jair Bolsonaro e o escritor Olavo de Carvalho, os manifestantes pediam o fim do movimento dos secundaristas contra a PEC 241 e a reforma do ensino médio, que já chega ao 23º dia de ocupação.

Em um evento criado no Facebook pelo movimento, que até esta manhã tinha 66 pessoas confirmadas, eles alegam ser estudantes da escola. "Nós, alunos de oposição à ocupação e ao grêmio, viemos por meio deste nos manifestar sobre a ocupação que está acontecendo em nossa escola há algumas semanas (sic)". No texto, eles afirmam que os estudantes não foram avisados com antecedência da ocupação, que seria promovida por integrantes do grêmio e "patrocinada" por movimentos estudantis de esquerda. 

"Ocupantes praticam atos impróprios dentro da escola (alguns até são menores de idade), ocupantes feriram o meu direito de ir e vir garantido pela constituição na segunda-feira, alguns ocupantes nem são da escola, ou seja, nós estamos correndo risco, afinal, não se sabe quem são", diz o texto de chamada do evento. 

Pouco antes do ato, que teve início por volta das 10h, dois integrantes do movimento publicaram um vídeo nas redes sociais explicando como seria a ação. "Como todo mundo sabe a militância mortadela está ocupando as escolas, são desocupados, então eles podem né (...) Então vamos lá fazer essa reintegração de posse e botar todo mundo para correr, por que se quiser fazer bacanal, uso de droga, essa palhaçada toda, vai fazer em outro lugar. Na escola não que lá tem gente de bem que quer estudar", diz um dos membros do movimento.

"Esses moleques não sabem nem o que estão fazendo, são idiotas úteis da esquerda", disse o outro militante antes de finalizar dizendo, "A direita vive, Ustra vive", fazendo referência ao coronel do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado por dezenas de presos políticos de torturas durante o período da Ditadura Militar, tendo entre suas vítimas a ex-presidente Dilma Rousseff.

Assista ao vídeo divulgado pelo "Direita Minas" do ato na escola:

Outro lado

De acordo com Bruna Helena, de 18 anos, aluna do colégio e diretora da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), os estudantes ocupados acreditam que a tentativa de retirá-los da escola começou ainda na noite de quinta-feira (27), quando um aluno fez uma publicação nas redes sociais em nome do grêmio e afirmando que nesta sexta não haveria aula.

"Na hora fizemos uma nota falando que era mentira, mas, de qualquer forma, muita gente faltou. Aí, coincidentemente, nessa manhã chega um ônibus com o povo do 'Direita Minas'. Só que entre eles não tinha nenhum estudante, só militantes com bateria, megafone. Eles tentaram provocar, com gritos de ordem, mas ligamos a caixa de som e rebatemos", conta a estudante.

A Polícia Militar (PM) foi acionada, para evitar qualquer confusão entre os manifestantes, porém, nada foi registrado. Nas redes sociais, vídeos mostram os membros do movimento saindo da escola sob gritos de "Direita, sai já daqui. Quer ocupar, vai ocupar o Bernouli". Assista:

"Eles acharam que não ia ter resistência, mas a ocupação continua. Eles nem encostaram no acampamento", finalizou Bruna. Nas redes sociais, os estudantes pedem na manhã desta sexta doações de alimentos e produtos de limpeza para a continuação da ocupação.