Violência doméstica

Justiça negou pedido de prisão de homem que matou ex e filho dela em BH

Ao todo, vítima solicitou três medidas protetivas

Ter, 30/07/19 - 15h41
Mãe e filho assassinados no bairro Ipiranga, nessa segunda-feira (29) | Foto: Facebook/Reprodução

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Em meio aos vários pedidos de socorro de Tereza Cristina Peres de Almeida, de 44 anos, morta junto com o filho pelo ex-marido no bairro Ipiranga, região Nordeste de Belo Horizonte, a Justiça negou o pedido de prisão preventiva do homem em março deste ano. A informação foi divulgada pela Polícia Civil na tarde desta terça-feira (30). 

O crime aconteceu na noite dessa segunda-feira (29), quando a mulher e o filho dela, Gabriel Mendes de Paula, de 22 anos, voltavam da academia. A vítima e o criminoso ficaram juntos por cerca de dois anos 

"Em novembro de 2017, ela compareceu à delegacia solicitando uma medida protetiva por via de fatos e crime de dano material. Em janeiro de 2019, ela retornou à delegacia relatando lesão corporal, fez exame de corpo delito e pediu mais uma vez a medida. Em fevereiro deste ano, a vítima voltou a registrar um boletim contra ele por ameaça. Foram solicitados três pedidos de medida protetiva, que foram deferidos. Temos cinco inquéritos instaurados, e ele foi ouvido apenas em um dos procedimentos, em abril deste ano", explicou a delegada Isabella Franca, da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher, ao Idoso e à Pessoa com Deficiência e Vítimas de Intolerância. 

Procurado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais não se pronunciou sobre o caso. 

O atirador, que não tinha porte e posse de arma, só foi localizado para depoimento em abril, uma vez que não era encontrado nos endereços disponibilizados. Na ocasião, ele negou os crimes. 

"No começo do ano a vítima  também afirmou que ele havia criado um perfil nas redes sociais com fotos íntimas dela. Mais uma vez, ele negou. Em maio, quando já sabia da medida protetiva, ele descumpriu a decisão da Justiça, mas também não foi localizado", destacou a policial. 

O bandido ainda não foi localizado. Na delegacia, a advogada dele, Noádia Ferreira Magalhães, informou que chegou de viagem hoje e ainda não conseguiu contato com o cliente.

Importância de pedir a medida

Durante a coletiva de imprensa, a delegada Isabella destacou a importância da mulher  solicitar a medida protetiva.

"As medidas protetivas são de grande importância nos crimes de violência contra a mulher. É importante que a vítima procure a unidade policial e solicite proteção. Sendo deferida, se o agressor descumpre, ele pode ser preso em flagrante, pode-se decretar a prisão preventiva desse agressor" destacou a policial. 

Denúncias de outras mulheres

De acordo com a Polícia Civil, o homem já tinha dois registros policiais de ameaças de outras duas companheiras, em 2007 e 2014. 

Buscas

A corporação já iniciou a investigação das mortes de Teresa e do filho. "Todos os elementos foram colhidos no local e as equipes estão na rua. Estamos tentando prendê-lo em flagrante e, caso isso não ocorra nas próximas horas, com toda a certeza o Polícia Civil vai prendê-lo com um mandado de prisão preventiva ou temporária expedido pelo Poder  Judiciário. Ele será indiciado pelo crime de feminicídio, qualificado pela violência doméstica e por ela ser mulher. Além disso, o homicídio qualificado contra o filho da vítima. Duas duras penas ele vai pegar quando for condenado", explicou a delegada Ingrid Estevam, do Núcleo Especializado na Investigação de Feminicídios. 

Aumento de casos em Belo Horizonte

O número de feminicídios cresceu em Belo Horizonte nos sete primeiros meses deste ano se comparado ao mesmo período do ano passado. 

"Com o caso da Teresa são sete feminicídios em Belo Horizonte neste ano. No mesmo período do ano passado foram dois. Com a implantação do Núcleo de Feminicídios nós pretendemos dar cerelidade na conclusão desses inquéritos policiais e entregar para a Justiça. Hoje a violência contra mulher está muito em voga e a repressão a esses crimes tem tido uma atenção por parte do Estado, tanto da Polícia Civil como da Polícia Militar", afirmou o delegado Emerson de Morais, do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Denuncie

Quem tiver informações do paradeiro do criminoso pode entregar em contato com os agentes de segurança pelos telefones 181, 180 e 190. O denunciante não precisa se identificar.

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