Em greve, metroviários prometem cruzar os braços totalmente em dois dias na próxima semana: na quarta (5) e na quinta-feira (6). Com isso, não deve haver operação do metrô de Belo Horizonte nesses dias. A decisão foi acertada em assembleia do Sindicato dos Metroviários (Sindimetro) nesta quarta-feira (29), após um protesto contra a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Minas Gerais.
No início da atual greve, o metrô de BH ficou dois dias sem operar. A partir de decisão da Justiça, no entanto, os metroviários implementaram escala mínima, com 60% do número de viagens. A categoria iniciou a greve em 25 de agosto, após o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizar a privatização da CBTU em Minas. Foi a última etapa burocrática antes da publicação do edital de concessão.
Outra decisão tomada na assembleia é a ampliação do número de viagens no domingo (2), devido às eleições. Segundo Pablo Henrique, diretor de comunicação do Sindimetro, foi proposto intervalo de 15 minutos entre os trens — o horário habitual para domingos na greve é de 32 minutos. A categoria irá fazer o pedido junto à CBTU. “Esperamos que a empresa aceite essa proposta”, afirmou.
A CBTU foi questionada pela reportagem sobre a possibilidade dos metroviários paralisarem totalmente as atividades em dois dias da próxima semana e sobre o pedido para ampliação de viagens no domingo, contudo, até a publicação da matéria, não havia respondido. Inicialmente, a empresa chegou a afirmar que não haveria mudanças nos horários do metrô por causa das eleições.
‘Preço de banana’
Durante o protesto, os metroviários distribuíram cerca de 7 mil bananas a quem passava pela Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte. O objetivo da categoria foi ironizar o valor estabelecido no edital de privatização da CBTU. Segundo eles, o metrô de BH será vendido “a preço de banana”. Segundo o edital, o lance inicial é de R$ 19 milhões.
De acordo com o presidente do Sindimetro, Daniel Glória Carvalho, o cenário permanece o mesmo desde que a greve foi convocada: pouco diálogo e nenhuma abertura para qualquer proposta. A categoria aponta que, com a privatização, 1,6 mil trabalhadores concursados serão demitidos, sem opção de remanejamento para outros órgãos ou de serem absorvidos pela nova empresa que passará a administrar o metrô. A única garantia, até agora, é uma estabilidade de 12 meses para os funcionários que quiserem permanecer no cargo, o que segundo Daniel, é inviável.
Horários do metrô na greve
- Dias úteis: intervalo de 9 minutos nos horários de pico (entre 6h e 8h30 e 16h30 e 19h). Nos demais horários, a espera é de 25 minutos.
- Sábado: intervalo de 20 minutos até às 12h, e intervalo de 25 minutos nos demais horários;
- Domingos e feriados: intervalo de 32 minutos.
Sobre a privatização
Com investimentos públicos e privados de R$ 3,7 bilhões, o contrato de concessão do metrô prevê a construção da linha 2, que vai ligar o bairro Nova Suíça à região do Barreiro, e a ampliação da linha 1 em mais uma estação no Novo Eldorado, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
O governo estima que as estações da linha 2 comecem a ser inauguradas a partir de 2027 e que todas as sete estações, ao longo de 10,5 km, estejam operacionais até 2029. Antes disso, está prevista a requalificação da linha 1, que ganhará novos trens e todas as 19 estações já existentes serão reestruturadas com novos banheiros e conexão de wifi. Além disso, o contrato também prevê a diminuição do tempo de espera pelo trem em dias úteis, que hoje é de 7 minutos e que deverá ser reduzida para 4 minutos.