Ajuda

Moradores da Vila Ideal, em Ibirité, se mobilizam em buscas por jovem soterrada

Com pás e enxadas, grupo de moradores chegou antes do Corpo de Bombeiros para seguir procurando jovem que ficou soterrada após queda de barranco

Sáb, 25/01/20 - 11h31
Antes da chegada dos bombeiros, moradores da Vila Ideal já procuravam a garota de 23 anos sob os escombros da casa | Foto: Alexandre Mota

Apreensivos, moradores da Vila Ideal em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, acompanham com olhos emocionados as buscas de alguns jovens voluntários pelo corpo da última vítima de um soterramento após a queda de um barranco sobre uma casa na manhã dessa sexta-feira (25).

Os próprios moradores da região chegaram às 8h para continuar as buscas. Uma equipe do Corpo de Bombeiros chegou cerca de duas horas depois e, agora, usa maquinário pesado para tentar remover os destroços e encontrar a garota. Os militares pediram que todos se retirassem após a chegada, mas os jovens não quiseram abandonar a área de buscas sem antes encontrá-la. “Vamos tomar uma água e voltar, ninguém vai parar não. Hoje nós vamos achar essa menina”, defendeu aos gritos um dos moradores.

Lorrayne Gomes Duarte, de 23 anos, era madrinha das duas crianças que morreram no deslizamento. Ainda durante a tarde de sexta, os militares do Corpo de Bombeiros retiraram dos escombros corpo da mãe, Layra Félix Ferreira, 25, e seu bebê de seis meses, Antony, encontrados abraçados. O corpo do filho mais velho dessa mulher, Richard de seis anos, também foi encontrado nos mesmos escombros do barracão que não suportou o peso do grande bloco de terra e cedeu. 

Samuel Ferreira, pai das duas crianças e marido de Layla, falou bastante abalado sobre o amor pela esposa e pelos filhos, ainda tão pequenos, e tão apegados a ele. “Meu filho mais novo era muito pequeno, mas já reconhecia a gente. Agora, o mais velho era muito meu amigo. Grudado em mim, até mais que na mãe", contou.

Igualmente abalada, com uma pasta com os documentos da filha mais velha nas mãos, Elisangela Pinto Souza, 41, acompanha desde a noite de sexta-feira as buscas pelo corpo de Lorrayne. Ela estava em casa quando o ex-namorado da jovem ligou para ela e contou a respeito do soterramento. Minutos antes da tragédia, Layra encaminhou um áudio ao marido contando que ela e Lorrayne estavam se preparando para sair de casa às pressas com as crianças, temendo o desabamento que aconteceu pouco depois. 

“Era minha filha mais velha, madrinha das duas crianças. Eu fiquei aqui até de madrugada, esperando encontrar. Voltei hoje de manhã, os bombeiros demoraram”, conta a mãe da jovem, às lágrimas. O irmão de 15 anos de Lorrayne também participa das buscas pelo corpo dela.

A Defesa Civil de Ibirité e o Corpo de Bombeiros, a todo momento, pedem que os moradores se retirem. O temor é que, caso haja mais chuva, a terra volte a descer na rua Águas de Minas e uma nova tragédia aconteça. Inarredáveis, amigos, familiares e vizinhos das vítimas permanecem entre o cordão de isolamento e não apontam indícios de que possam sair. Aliás, uma força-tarefa montada por moradores da Vila Ideal alimenta aqueles que estão apoiando os bombeiros nas buscas: comidas e bebidas são oferecidas. Outros pegam ferramentas nas próprias casas e levam até lá para ajudar. 

Situação de risco

Após o soterramento, moradores da rua Águas de Minas começaram a se movimentar por orientação da Defesa Civil do município para abandonar imediatamente suas residências. "Ninguém dormiu aqui, a rua toda está fora de casa. Nossas casas estão úmidas, interditadas. Dizem que esse banheiro da vizinha está caindo para cá", conta a empregada doméstica Viviane Cristina, de 40 anos.

Agora, ela tenta encontrar um caminhão que possa ajudá-la a retirar seus principais eletrodomésticos de sua casa. "Apegado em móvel? Em casa? Eu sou apegada é na minha vida, eu vou tirar minhas coisas e ir embora", relata. O cenário é bastante semelhante nas outras casas da rua. Na manhã deste sábado (25), muitas pessoas já enchiam carros e caminhões para sair dali. 

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