O motorista de 40 anos suspeito de atropelar e negar socorro à gerente de indústria farmacêutica Jerusa de Alencar Viana, 47, foi indiciado na manhã de quinta-feira (27) pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) pelos crimes de homicídio culposo, com agravante por ele ter fugido, e de fraude processual. A batida aconteceu na avenida Raja Gabáglia, no bairro São Bento, à região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite de 11 de janeiro de 2020. A mulher saía de seu carro quando foi atingida pelo automóvel de luxo – uma BMW X1. O motorista não parou depois de atropelá-la, e ela morreu logo em seguida. 

O delegado Rodrigo Fagundes, do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran), esclareceu que o inquérito foi concluído e remetido à Justiça, e a condenação do motorista pode chegar a sete anos de prisão. Ele também classificou como covarde a fuga do suspeito, que não prestou socorro à vítima, depois do atropelamento.

“Nós optamos por indiciá-lo por homicídio culposo no trânsito com pena agravada pelo fato dele ter fugido do local. Em uma atitude covarde ele deixou a vítima ali, à própria sorte”, pontuou Fagundes. De acordo com o delegado, o motorista também foi enquadrado pelo crime de fraude. “Foi demonstrado que ele buscou, no dia útil seguinte, reparar o veículo de maneira a se furtar de suas responsabilidades criminais”, relembrou. O atropelamento ocorreu em um sábado, e na segunda-feira o suspeito dirigiu o carro até uma oficina mecânica para consertá-lo, conforme constatou a Polícia Civil.

Indagado sobre o porquê de ter fugido e negado socorro, o motorista alegou à polícia que não percebeu o atropelamento, apenas a colisão. “Ele alegou que jamais imaginou ter atropelado alguém. Só que a tese dele caiu por terra. Testemunhas que presenciaram o atropelamento nos disseram que, paradas no carro ao lado do do suspeito, avisaram a ele sobre o atropelamento e pediram que ele retornasse ao local. Ele solenemente ignorou essa informação, foi embora e deixou a vítima à própria sorte”, reforçou o delegado. O inquérito atestou que o motorista dirigia nos limites de velocidade da avenida Raja Gabáglia, e o acidente seria fruto de uma distração no trânsito.

Em meio à campanha de prevenção a acidentes no trânsito com o Maio Amarelo, Rodrigo Fagundes reforçou a importância de motoristas sentirem empatia. “Tenho certeza que ele (o suspeito) não gostaria de estar naquela situação que praticou, e nem que fosse um parente dele ali. A vítima tinha dois filhos adolescentes que, com certeza, estão sofrendo até hoje pela perda irreparável em razão da atitude covarde desse condutor que fugiu”, concluiu.

Relembre

Pouco antes do acidente, a gerente de indústria farmacêutica Jerusa de Alencar Viana, de 47 anos, havia saído do salão de beleza e passado em uma confeitaria e pedido um bolo para a celebração de seu aniversário. Acompanhada do namorado, o representante comercial João Marcos Ribeira Bandeira, ela seguiu dirigindo para o supermercado Verdemar, no bairro São Bento e parou o carro na rua para ir às compras. Entretanto, ao descer do veículo, foi atingida pela BMW XI. Uma médica que passava pelo local tentou socorrê-la, mas Jerusa morreu na hora.