Quem esperava encontrar filas, como ocorre todos os anos, no Mercado Central, para fazer aquela já esperada compra de última hora para a ceia de Natal surpreendeu-se. Corredores vazios e baixa movimentação nas lojas. Segundo o superintendente de um dos principais pontos turísticos do estado, Luís Carlos Braga, a queda no público e no volume de vendas gira entre 30% a 50%, conforme o segmento.  

A pandemia é responsável pelo temor das pessoas de irem às compras, principalmente, em locais onde, caso sejam desrespeitadas as regras, possa haver aglomerações. Outro ponto que diminuiu, consideravelmente, o fluxo de pessoas no Mercado Central foi o aplicativo criado pela administração, juntamente com os comerciantes. Por meio dele, ao acessar o site do centro de compras, o consumidor é direcionado a uma plataforma onde pode comprar as mercadorias desejadas, nas lojas virtuais ou parceiras, sem taxa de entrega, por telefone ou WhatsApp.  

“Nos reinventamos e usamos a tecnologia a nosso favor. Redes sociais, zap, frete; enfim, adaptação é palavra de ordem. Mas para quem não tem experiência nem capital de giro ficou muito difícil. Estamos há 60 anos no mercado e atravessamos uma queda nas vendas da ordem de 30%. Não é a primeira crise, mas sem sombra de dúvidas, a pior”, afirma Geraldo Campo, 58, proprietário da Ananda, loja de castanhas, frutas secas, bacalhau e azeitona. 

“Os bares totalmente fechados também diminui muito o giro do mercado. As mulheres iam as compras, enquanto os homens ficavam confraternizando no balcão”, acrescenta Braga. De acordo com o superintendente, em momento algum desse ano pode-se falar em recomposição de perdas. No início, o mercado ficou boa parte fechado. Depois, a partir de abril, foi autorizado abrir como um grande hipermercado. Em agosto e setembro, começou a reagir, mas, após as eleições, com o recrudescimento dos indicadores da pandemia, a flexibilização das normas sanitárias foi extinta e a queda nas vendas voltou a um patamar de 50%. 

As expectativas para o início do ano não são as mais otimistas para um dos mais tradicionais espaços de compras de Minas Gerais. Os preços, conforme Braga, devem manter-se os praticados em 2020, pois o dinheiro deve sumir da praça. “O fim do Auxílio Emergencial e do Programa de Apoio do governo federal para pagamento de folha de funcionários é em dezembro. Os empregados terão mais três meses de estabilidade. Depois disso, muitos pequenos empresários e comerciantes vão ser obrigados a demitir, então, não há que se falar em alta de preços, pois não adianta aumentar se não vai haver cliente”, analisa. 

A empresária Lílian Florentino, 37, fez o mea culpa quanto aos petiscos da ceia. Mesmo com tempo para as compras ao longo da semana, foi, de última hora para o mercado. “Vim pegar castanhas, queijos, antepastos. Vai ter reunião sim, em família, umas 12 pessoas, o núcleo que já estava isolado ao longo do ano e as expectativas são de um ano próspero e uma noite feliz”, antecipa.  

Já a cirurgiã Cristina Ribeiro, 29, foi com o médico Fernando Mudado, 35, comprar itens mais frescos e só o que faltava. Ela percebeu como os preços, de forma geral, estão mais altos esse ano. “Não só aqui, nem só esses itens especiais, mas básicos também, não sabemos se por uma compensação por esse momento que estamos vivendo, mas os preços estão bem mais caprichados”, reforça.