Workshop Barragens MG

'Não vamos eliminar a mineração, mas torná-la segura', diz Romeu Zema

Governador lançou plano de segurança para comunidades próximas a barragens, que prevê integração entre equipes da Defesa Civil, bombeiros e policiais

Por Carolina Caetano
Publicado em 20 de maio de 2019 | 10:45
 
 
Governador Romeu Zema participou da abertura do Workshop Barragens MG e pediu 'paciência' com moradores de cidades afetadas Foto: Uarlen Valério

Integração entre equipes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar. Essa é a principal ação que faz parte do plano de segurança para as comunidades próximas às barragens lançado, na manhã desta segunda-feira (20), em Belo Horizonte, pelo governo de Minas. 

O Workshop Barragens MG acontece no auditório JK da Cidade Administrativa, e a abertura contou com a presença do governador Romeu Zema. No começo do evento, ele relembrou o rompimento na barragem em Brumadinho. 

"No dia 25 de janeiro, durante um almoço, eu recebi uma ligação do coronel Borges falando que algo grave havia acontecido em Brumadinho. No dia 25 de fevereiro, um mês depois, sancionei a lei que muda bastante o cenário das barragens em Minas Gerais. O que estava ao nosso alcance foi feito", disse Zema.

"O dia de hoje será produtivo porque ainda podemos melhorar a integração entre as forças de segurança, representantes dos municípios. A mineração sempre fez parte do nosso Estado. Não vamos eliminá-la, mas torná-la segura. Temos que melhorar o monitoramento das barragens", disse.

O governador solicitou às equipes que trabalham diretamente com a população que tenha paciência com os moradores. "Culpados precisam ser realmente punidos. Mas, acima de tudo, precisamos ter soluções", disse.

Em seu discurso, o governador não se aprofundou sobre a situação de Barão de Cocais, que vive tensão por causa do risco iminente de rompimento da barragem Gongo Soco, da Vale. Na última sexta-feira, o prefeito da cidade, Décio Geraldo dos Santos, disse, em entrevista exclusiva a O TEMPO, que "o poder público não olha" para Barão de Cocais, e que "a cidade morreu". O prefeito fez um apelo a Zema para visitar a cidade e também liberar recursos. 

Já o secretário de Meio Ambiente de Minas, Germano Vieira, falou sobre Barão de Cocais. Segundo ele, nesse domingo (19), ocorreu em Barão de Cocais uma reunião envolvendo Ministério Público, Semad, Defesa Civil e outros órgãos onde foram informados a ação de monitoramento na área. 

"É inevitável o rompimento do talude. A possibilidade de causar  o rompimento da barragem é de 10% a 15%, segundo um consultor de uma auditoria independente. Por isso foi importante o simulado e seguir os protocolos", afirmou.

Planos

Segundo o tenente Paulo Henrique Firme, diretor de redução  de riscos da coordenadoria estadual de Defesa Civil, entre as ações do plano lançado hoje pelo governo estão as solicitações junto às empresas de informações para melhoria dos planos de contingência.

"Vão ser capacitados os municípios que possuem barragens, com cursos e seminários. O plano de contingência possui todas as ações necessárias para uma resposta de emergência, como sirenes e outras formas de comunicação. Em Barão de Cocais, a população decidiu por pintar os paralelepípedos de laranja nas áreas de risco. Essas soluções ainda serão conversadas. O calendário será publicado posteriormente", afirmou o tenente.

Ainda segundo ele, vão ocorrer fiscalizações nos municípios para verificar se as empresas instalaram as sirenes e placas até o fim deste mês.

"Outros simulados podem ocorrer em outras cidades, mas ainda não temos as datas. Tudo ainda vai ser conversado", finalizou.

Segundo o governo do Estado, o evento, promovido por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec/MG), vai ocorrer ao longo do dia com palestras que serão ministradas por integrantes da Cedec, além de representantes da Agência Nacional de Mineração (ANM) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

Insegurança para mineiros

Desde o dia 25 de janeiro, quando ocorreu o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, com dezenas de mortos e desaparecidos, moradores de cidades mineiras que têm barragens vivem um clima de tensão. 

Desde a última semana, moradores de Barão de Cocais, na região Central de Minas, estão em estado de alerta devido à possibilidade de rompimento do talude norte da cava da Mina Gongo Soco. Até o dia 25 de maio, pode ocorrer um colapso da estrutura, segundo a empresa Vale.

No último sábado (18), a Defesa Civil Estadual realizou um simulado na cidade. Em fevereiro, moradores que estavam em área de risco já haviam sido retirados dos imóveis. 

Em relação a Brumadinho, de acordo com o último balanço divulgado pelo órgão, 241 óbitos foram confirmados, 29 pessoas seguem desaparecidas e 395 foram localizadas.

Texto atualizado às 12h29