Marcos de Carvalho, de 50 anos, contestou as denúncias que diziam que uma provável festa infantil causou aglomeração na tarde dessa sexta-feira (31) no bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte. Ele, que foi quem organizou o evento, disse que não foi bem uma festa de aniversário, mas apenas um "parabéns" para não passar em branco o aniversário de 4 anos da filha.

A reportagem de O TEMPO havia mostrado que moradores da rua Professor Miguel de Souza ficaram revoltados com a aparente aglomeração no local em plena pandemia de coronavírus. No entanto, Carvalho contestou isso.

"A gente sabe que nessa época de pandemia não podemos fazer festa. Ontem (31) foi aniversário da minha filha, e aquelas pessoas que estavam ali vão ao local todos os dias para andar de bicicleta e brincar, não eram meus familiares. Por isso, eu disse aos pais que eu ia apenas fazer um bolo e cantar um parabéns para ela, ali na rua mesmo, nada mais", disse.

"Para se ter uma ideia, nós gastamos mais tempo para montar a mesa com salgadinhos e docinhos do que o próprio parabéns, tanto é que as coisas ficaram dentro do carro. Cantamos os parabéns e cada criança recebeu um saquinho para lembrança, só que algumas continuaram no local porque já era de costume, todas moram ali perto", completou.

Confusão

Ainda de acordo com Marcos, a fala de uma vizinha contando que ele havia brigado com moradores da rua não procede. "Eu sei que algumas pessoas denunciaram. Quando a Guarda Municipal chegou, eu estava montando a mesa. Antes deles falarem qualquer coisa, eu disse que só íamos cantar um parabéns. Eles não contestaram, mas apenas disseram que era para fazer isso rapidamente e orientaram as pessoas a colocarem máscaras e distribuíram para as crianças. Nas imagens, aparecem pessoas sem o equipamento, mas todas elas tinham, pelo menos no bolso", contou.

"Depois, veio um carro da PM, que só estava fazendo uma ronda no local, e nesse momento alguns moradores começaram a nos xingar com palavras de baixo calão. Uns pais ficaram ofendidos, pois estavam falando palavrão, e começaram a discutir com os vizinhos. Mas foi só isso. O que eu fiz foi pedir para deixar quieto", concluiu.

O diretor de vendas Adriano Lemos, de 47 anos, que mora em uma rua próxima, confirmou as informações de Marcos. Segundo ele, não havia nenhum familiar no evento, apenas pessoas que ficam passeando no local.

"Eu descobri essa rua há umas três semanas. Como lá não tem saída e há uma rotatória, eu decidi levar minha filha de 8 anos e meu filho de 5 para andar de bicicleta no local. Aí, um dia, um dos pais que ficam lá disse que ia apenas cantar um parabéns para a filha, mas, de qualquer forma, nós sempre vamos lá", explicou.

"Quando chegamos, tinha uma viatura da guarda, e os guardas não mandaram ninguém ir para casa, eles só pediram para não aglomerar, mas estava todo mundo afastado. Tinha um viznho que normalmente reclama mesmo, e começou a nos xingar, mas foi isso. Essa redatora que disse que houve confusão nem estava lá", afirmou.

Outro lado

A redatora Isabela Melo visitava o apartamento da sogra, que é do grupo de risco e precisava de cuidados, quando se deparou com o evento praticamente na porta do apartamento.

"Os pais dessa criança colocaram literalmente o que era para ser festa de salão, em uma situação normal, na rua. Estava lotado de crianças e pais. É uma situação desagradável e desnecessária, já que cumprimos a quarentena, tomados todos os cuidados para chegar uma pessoa a abarrotar a rua de gente. E muitas estavam sem máscaras", conta.

Para Isabela, os pais ainda colocaram as crianças em risco. "Não estamos de férias", complementa. E até uma discussão entre um vizinho e o pai que organizou a confraternização ocorreu. "Eles começaram a discutir da janela, teve até gritos. Os pais ainda chamaram para a briga. Chamei a polícia, mas não apareceram", afirma.