Uma rua sem saída do bairro Buritis, na região Oeste, se transformou em cenário para uma festa infantil em plena pandemia do coronavírus. Na mesma data que a ocupação dos leitos de UTI para pacientes com a doença alcança taxa de 88%, uma família resolveu usar o espaço público para promover uma confraternização na tarde desta sexta-feira (31) – com direito à mesa de doces, bolo e salgadinhos.
O resultado: mais de 20 pessoas aglomeradas, a maioria sem máscara. A festa deixou os moradores da rua Miguel de Souza, que é sem saída, revoltados. A redatora Isabela Melo visitava o apartamento da sogra, que é do grupo de risco e precisava de cuidados, quando se deparou com a festa praticamente na porta do apartamento.
"Os pais dessa criança colocaram literalmente o que era para ser festa de salão, em uma situação normal, na rua. Estava lotado de crianças e pais. É uma situação desagradável e desnecessária, já que cumprimos a quarentena, tomados todos os cuidados para chegar uma pessoa a abarrotar a rua de gente. E muitas estavam sem máscaras", conta.
Para Isabela, os pais ainda colocaram as crianças em risco. "Não estamos de férias", complementa. E até uma discussão entre um vizinho e o pai que organizou a confraternização ocorreu. "Eles começaram a discutir da janela, teve até gritos. Os pais ainda chamaram para a briga. Chamei a polícia, mas não apareceram", afirma.
E mesmo com a presença da Guarda Municipal, que orientou pelo encerramento do evento, a festinha infantil foi mantida por muito tempo, conforme a redatora. "Acho abusivo esse tipo de atitude, com a cidade tento cada vez mais casos, não abrindo comércio. Os guardas foram embora e a família ainda permaneceu por muito tempo", reclama.
Cenas se repetem na capital
Já a empresária Carmem Santiago, que também mora no bairro Buritis, afirma que cenas como essa têm se repetido em toda a cidade. "É algo frequente, sempre vejo os grupos de moradores divulgado. O povo prefere abusar, e ainda com uma criança. Essa rua é sem saída e todo dia tem muitos meninos e meninas brincando", enfatizou.
A "tendência" das street parties, segundo Carmem, coloca em risco toda a vizinhança. "No início eram aqueles buzinaços, com as pessoas dentro dos carros, respeitando o distanciamento. Agora não, tem até mesa de bolos na rua, expondo todo mundo", finaliza.