Kely Loyola Pereira, de 43 anos, perdeu as contas de quantas vezes o bip disparou neste ano avisando que o advogado Demétrio Antônio Vargas de Matos estava se aproximando dela. Ele portava uma tornozeleira eletrônica para que pudesse ser monitorado, mas nem sempre carregava a bateria do aparelho. Acabou voltando para a cadeia em julho por tantos descumprimentos, mas até que seja julgado por tentar matar Kely em 2017, ela não tem paz.
“Vivo com medo constante dele ser solto”, disse a vítima hoje, dia em que a Lei Maria da Penha (11.340/2006) completa 13 anos. Só de janeiro a julho deste ano, 3.427 mulheres recorreram à lei para pedir medida protetiva contra agressores em BH, segundo a Polícia Civil.
A média é de 16 solicitações por dia. Em todo o ano passado, foram 8.194 pedidos na capital para que homens não se aproximem das vítimas.
No ranking das dez cidades de Minas Gerais mais perigosas em relação à violência doméstica, Belo Horizonte é a primeira em números absolutos, com 9.053 vítimas de janeiro a junho deste ano, a mesma média de 2018.
Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Uberlândia, no Triângulo, aparecem na sequência, com 2.564 e 2.076, respectivamente. Contagem está em quarto lugar, com 2.039 vítimas.
“Quanto mais se fala da Lei Maria da Penha, mais vítimas denunciam”, afirmou a delegada Isabella Franca Oliveira, da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher.