Alerta

Presídio no Sul de MG é o primeiro do Estado a ter um caso de coronavírus

O paciente está com sintomas leves e foi isolado em uma área do presídio de Botelhos; a prefeitura da cidade declarou que está indignada com o governo de Minas Gerais

Sáb, 02/05/20 - 09h50
Município de Ourinhos é o primeiro de Minas Gerais a ter um detento com coronavírus | Foto: Reprodução/EPTV

Minas Gerais confirmou, neste sábado (2), a existência do primeiro caso de um detento do sistema penitenciário infectado pelo coronavírus. O homem apresentou os primeiros sintomas da Covid-19 durante sua permanência no presídio instalado na cidade de Botelhos, na região Sul do Estado. Ele está sozinho em uma cela específica isolada das dos demais detentos, e seu quadro sintomático é considerado apenas leve.

O paciente deu entrada na unidade de Botelhos ainda em 20 de abril há exatos 12 dias, após ser detido em Poços de Caldas, também no Sul de Minas Gerais – aliás, a cidade de origem do homem já registrou 12 casos de coronavírus, e duas mortes em decorrência da doença. Três dias após chegar à unidade, começou a apresentar os sintomas gripais tão característicos da Covid-19. Amostras dele foram coletadas ainda naquela data, mas a conclusão do teste com diagnóstico positivo para coronavírus só ficou pronta na quinta-feira passada (30).

Os agentes que continuam em contato com o paciente para alimentá-lo e analisar seu estado de saúde estão seguindo um protocolo básico que prevê o uso de máscaras, luvas e outros itens de segurança, segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Outros detentos e servidores que estiveram em contato com ele antes que os primeiros sintomas surgissem são submetidos a monitoramento constante.

Situação em Botelhos

Este é o quarto caso de coronavírus em Botelhos, mas o paciente não é morador da cidade. Atualmente, a cadeia do município funciona como centro de triagem para novos detentos no sistema prisional de Minas Gerais. Protocolo da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) prevê que os privados de liberdade passem por um período de quarentena em determinados presídios antes de serem encaminhados às unidades onde realmente cumprirão suas penas.

Através de nota, publicada nessa sexta-feira (1º), a prefeitura de Botelhos criticou a atuação do governo do Estado que, segundo o município, “muito pouco tem feito pelas condições mínimas de saúde dos detentos e agentes, trazendo diversos transtornos para o município”.

Porta de entrada

O Presídio de Botelhos está entre os 30 escolhidos pelo governo estadual para funcionar como “porta de entrada do sistema prisional”. Ainda no mês de março, essas unidades passaram por processos de esvaziamento e transferência de presos. De lá para cá, começaram a funcionar como centros de triagem. 

O procedimento acontece da seguinte maneira: aquele que acaba de ser preso, independente de onde seja, é transferido para uma unidade prisional de triagem próxima à sua região de origem; o novo detento, então, é submetido a um período de quarentena que se estende por 15 dias antes de ser transferido para a penitenciária onde realmente cumprirá a pena imposta. De acordo com a Sejusp, essa medida é uma estratégica para evitar que novos detentos contaminem aqueles que já estão encarcerados.

Protocolos de saúde

Em 23 de março, Minas Gerais anunciou a adoção de medidas com o intuito de garantir a segurança das pessoas que estão custodiadas no sistema prisional. Transcorrido mais de um mês, elas continuam válidas. Familiares não podem visitar seu presos ou entregar pessoalmente os kits preparados com itens básicos de alimentação e higiene à sobrevivência do parente nas penitenciárias. O Estado garantiu que está fornecendo alguns desses produtos e que os kits ainda podem ser entregues aos detentos, contudo o envio precisa ser feito através do correio.

De acordo com a Sejusp, há uma série de protocolos específicos no caso de pessoas que já estavam presas e que apresentem os sintomas de infecção por coronavírus. Diante de uma situação com essa, agentes são responsáveis por isolar o paciente imediatamente e submetê-lo aos exames para confirmação do diagnóstico. Os que precisarem, poderão ser encaminhados a unidades hospitalares. Como forma de proteger os profissionais da segurança, o Estado confirmou que está dilatando as escalas de trabalho para reduzir a circulação de pessoas nas unidades penitenciárias. A Sejusp também declarou que equipamentos de proteção individual são distribuídos a esses trabalhadores.

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