Assistência

'Rua Previdenciária' leva diversão e ajuda para pessoas em situação de rua

Emissão de documentos e informações de direitos previdenciários foram repassados ao grupo que estava no albergue Tia Branca

Por Carolina Caetano
Publicado em 20 de setembro de 2019 | 16:53
 
 
Rua Previdenciária leva roda de músicas, poemas e serviços públicos para pessoas em situação de rua Foto: Flávio Tavares

Com roda de músicas, poemas escritos e serviços públicos prestados, a Rua Previdenciária aconteceu na tarde desta sexta-feira (20) no Centro Pop Leste de Belo Horizonte, onde pessoas em situação de rua puderam emitir segunda via de documentos e ter informações relacionadas à aposentadoria e benefícios previdenciários. 

"Estamos aqui com parceiros de algumas instituições, o Ministério Público, com o MP Itinerante, programa de educação previdenciária, temos orientações e regularização de documentos e emissão de carteira de trabalho", explicou Wanderson Conceição, coordenador de projetos de Belo Horizonte. 

A iniciativa da ação é do grupo da "Rua do Respeito", que também estava com equipe no local. "Muitas vezes, infelizmente, as pessoas passam na rua e não tratam a pessoa que está na calçada como um ser humano. São pessoas muitas vezes invisíveis e que têm os mesmos direitos que nós", disse Mariana Maciel, que responde pela iniciativa. 

Entre os mais animados da roda de música estava o marceneiro Rogério Gomes da Silva, de 34, que há cerca de dez dias pernoita na unidade. Ele morava com a companheira e o filho de 2 anos em um casa no bairro Eldorado, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas, há cinco meses, a mulher foi embora e levou a criança. 

"Eu acabei ficando na rua por questão de desemprego. A minha vida desestruturou, ela fugiu com o meu filho. Eu não procurei a Justiça porque foi briga de casal, eu esperei que o tempo resolvesse. O tempo e Deus. A música liberta", disse ele, que se emocionou ao falar da música 'Muleque de Vila', do Projota, em que lembra do filho. 

Além das músicas, as pessoas em situações de rua também puderam escrever cartas.

 "Estamos com um grande cartaz para que eles possam se expressar, colocar o que estão sentindo. A arte também é direito de todo o cidadão. No espaço de cartas elas podem podem expressar as suas angústias, o que elas querem passar para o mundo", detalhou Felipe Anunciação que também ajudou a promover a ação. 

Há cerca de três anos, Leidy Samanta, de 20 anos, fica no Albergue Tia Branca. Há um ano ela não conversa com a mãe, que não aceita o fato dela ser uma mulher trans. Entre os vários poemas, Leidy também disse o que gostaria de escrever para ela mesma. 

"Eu escreveria que sou uma pessoa muito legal, muito amada e todo mundo gosta da Leidy aqui no albergue. Agora, se eu pudesse escrever para minha mãe, eu escreveria que eu gosto de ser a pessoa que eu sou. E que a minha mãe deveria muito me respeitar, assim como ela respeita os outros filhos dela", finalizou.