Na Escola Estadual Coronel João André, na zona rural de Minas Novas, no Alto Jequitinhonha, todo aluno com dificuldade tem aulas de reforço. Estudantes com melhor rendimento são premiados com certificado e ganham um dia de diversão no clube. A escola, que não tem quadra, pátio coberto ou espaço recreativo, com uma sala de informática onde nem todos os computadores funcionam, foi uma das três instituições públicas com melhor evolução no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos finais do ensino fundamental em Minas entre 2007 e 2017. Enquanto o Estado foi o único do país a apresentar queda na nota na década, na escola a média pulou de 3,6 para 6,8.

Em comum, as campeãs têm ideias simples que melhoram o desempenho dos estudantes. “A gente vai dando um jeitinho. Neste ano, fomos contemplados com um projeto de música. Já tivemos cursos de jardinagem e, agora, estamos com o programa Jovem no Campo, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que ensina alunos a lidar com a terra”, disse a diretora da escola, Maria Angélica Rodrigues.

Em São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, fica a Escola Estadual Comendador João Alves de Figueiredo, também no ranking das maiores evoluções: o Ideb passou de 3,2 para 6,6 nos anos finais do fundamental. “Quando detectamos alunos com dificuldades, sugerimos à família colocar em tempo integral. Também agrupamos estudantes com e sem dificuldade, e uns ajudam os outros”, contou a diretora Oneide de Souza.

Em Carmo da Mata, no Centro-Oeste, a equipe da Escola Municipal Padre Galdino Ferreira Diniz se emocionou ao saber que a instituição foi uma das três com maior avanço no Ideb nos anos iniciais do ensino fundamental: a nota mais que dobrou, indo de 3,3 para 7,4.

O incentivo à leitura é um dos pilares do ensino por meio de projetos como o da Chapeuzinho Vermelho – o aluno leva para a casa uma cesta com a personagem, um livro de histórias e um caderno, onde anotam como foi a visita de Chapeuzinho. “Um aluno que tinha dificuldade de leitura ficou tão apaixonado que ganhou prêmio de maior leitor”, relatou a diretora Lucimeire Lima. A escola também incentiva o aprendizado fora de sala: quando o tema são os benefícios da cenoura, por exemplo, os estudantes vão para a cozinha preparar um bolo.

 

Capacitação de docentes ajuda alunos

Em São Gonçalo do Sapucaí, no Sul de Minas, o segredo para a evolução da Escola Municipal Novo Horizonte, que está entre as que tiveram maior avanço nos anos iniciais do fundamental, é a capacitação de professores. “Todos os professores, desde os da creche, passam por aperfeiçoamento”, afirmou a secretária municipal de Educação, Valéria Moreira.

Para Ernesto Martins, do Iede, “o sucesso da educação não pode depender de iniciativas isoladas de escolas. É preciso liderança das secretarias para garantir que os alunos tenham um bom aprendizado”.

 

Ensino médio fica distante de meta

Enquanto Minas avançou nos anos iniciais do ensino fundamental e teve um dos melhores resultados do país, nos anos finais do fundamental e no ensino médio o Estado ficou longe da meta.

“Vários processos vão ficando mais complexos, como a relação entre professor e aluno”, disse o diretor do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Martins. Para a especialista em educação do Itaú Social, Juliana de Souza Yade, “são necessárias estratégias para que a escola dialogue com a realidade dos jovens”.

A Secretaria de Educação de BH informou que investe na formação continuada dos professores. A Secretaria de Estado de Educação disse que trabalha na melhoria da qualidade por meio, por exemplo, da ampliação da educação integral.