Desde o rompimento da barragem da Vale na mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana, em 25 de janeiro deste ano, o lema dos peritos e legistas da Polícia Civil no Instituto Médico-Legal (IML) da capital é o mesmo: entregar todas as vítimas às famílias. Mais de sete meses após a tragédia que deixou ao menos 248 mortos e tem 22 pessoas consideradas desaparecidas, 130 fragmentos de supostos corpos ainda são analisados, 52 deles no Ilumina, equipamento que sequencia o DNA e chegou ao laboratório neste mês. O procedimento foi adotado porque não houve resultado em nenhuma das análises feitas anteriormente.
Dos 280 laudos genéticos concluídos pelos legistas, apenas 37 dizem respeito a pessoas que não tinham sido reconhecidas ainda.
Embora o DNA seja a principal aposta dos legistas, as três identificações mais recentes – a última em julho – ocorreram por meio de arcada dentária. A identificação por DNA mais recente foi em maio. O último registro de corpo encontrado com todos os fragmentos foi em abril.
Esperança
O Ilumina foi comprado pela Vale e começou a ser testado no último dia 13. Desde então, os 20 funcionários do laboratório genético passaram por treinamentos de uma semana, alguns deles no Rio Grande do Sul. “Não há previsão de como vai acontecer. Temos grandes expectativas, mas é uma tecnologia que a gente não domina bem ainda. Precisamos testar e adaptar”, afirmou a chefe do laboratório de DNA forense, Valéria Rosalina Dias e Santos.
Segundo ela, o trabalho tem fatores muito limitantes. “Os fragmentos estão envolvidos na lama, que tem resíduo de minério, o que interfere nos resultados”, detalhou a especialista.
“Se uma família não identificou (a suposta vítima), vamos atrás. A gente conhece mais essas 22 pessoas hoje e trabalha para achá-las”, afirmou Ricardo Moreira Araújo, chefe da Seção de Tanatologia Forense do IML de Belo Horizonte.
“Enquanto tiver uma única amostra para ser identificada, vamos nos esforçar inteiramente. Às vezes, dizem que passaram seis meses e acabou, mas a gente continua com a mesma intenção. Enquanto os bombeiros estiverem trabalhando, também vamos estar", afirmou Valéria R. Dias e Santos chefe do laboratório de DNA forense do IML da capita.