Resíduos

SLU promete implantar coleta seletiva em toda a BH até 2036

Superintendência vai investir no recolhimento ponto a ponto com a ampliação do número de LEVs

Por Wallace Graciano
Publicado em 16 de junho de 2017 | 03:00
 
 
Além dos LEVs, SLU pretende ampliar coleta em parceria com cooperativas de catadores Foto: Douglas Magno - 23,11.2012

A estrutura da coleta seletiva de Belo Horizonte será reformulada. Após atrasos no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que previa a ampliação do recolhimento porta a porta para 80 bairros até 2015 – atualmente, são 36 –, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) passará a concentrar os investimentos no recolhimento de rejeitos ponto a ponto, com a ampliação dos atuais 82 Locais de Entrega Voluntária (LEVs). A expectativa é que em até quatro anos 200 novos contêineres estejam disponíveis nas nove regiões da capital, chegando a 100% do território até 2036.

Segundo a assessora técnica da SLU, Lilian Rueda, a reformulação tem como objetivo adequar o plano inicial às necessidades e às características da cidade. “Em 2014, a perspectiva era de ampliação do recolhimento porta a porta, ou seja, quando o material reciclável é coletado na residência do habitante. Porém, ao observarmos as características de cada região e os custos operacionais, entendemos que o melhor seria investir na coleta ponto a ponto, quando o morador leva o lixo a um local específico”, explica.

Segundo Lilian, a meta é que a cidade seja 100% atendida com o sistema em até 20 anos, sendo que 10% dos 487 bairros da capital contarão com a entrega porta a porta. “Os bairros pelo porta a porta foram estabelecidos pela demanda de resíduos recicláveis. Como nesses bairros há um volume maior de moradores e de comércio, optamos por investir nessa modalidade de coleta. Nos demais, haverá intensa campanha para mobilização e educação da população”, afirma.

Privado. Além do investimento nos LEVs, a SLU pretende ampliar a coleta seletiva por meio de parcerias de empresas com as sete cooperativas de catadores hoje instaladas em Belo Horizonte. “Estamos trabalhando para uma maior integração de empresas privadas por meio da logística reversa, quando elas se responsabilizam pela reciclagem das embalagens produzidas. Essas empresas assinaram acordo em 2015, comprometendo-se a uma política de metas para investimento nas cooperativas”, salienta a assessora da SLU.

Segundo um levantamento recente do Instituto BVRio, os custos operacionais da logística reversa não são percebidos pelo consumidor. O estudo mostra que o recolhimento de materiais em parceria com cooperativas fica abaixo de R$ 0,01 por unidade coletada.

Para o professor do Departamento de Engenharia Sanitária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rafael Tobias Bastos, a coleta de resíduos, antes de tudo, é uma questão econômica. “Esse tipo de postura por parte dos setores produtivos nada mais é do que um reconhecimento de que estavam jogando dinheiro fora. Tanto que hoje a quantidade de água e energia reutilizada é maior”, pontua.

Segundo ele, a população, mais do que os entes públicos e privados, precisa entender que é peça-chave no processo. “Se a sociedade fosse minimamente econômica, não permitiria esse tanto de dinheiro jogado fora. Há, hoje, um desinteresse da população”, completa.

Vantagem. A gerente do departamento de resíduos do Instituto BVRio, Luciana Freitas, destaca que a logística reversa poderia impactar positivamente a realidade econômica de 800 mil catadores do país.


Coleta em BH

4,7% do lixo recolhido em Belo Horizonte é reciclável

124 mil domicílios da capital mineira são assistidos pela coleta

390 mil belo-horizontinos são beneficiados pelo sistema

82 LEVs (Locais de Entrega Voluntária) existem em BH

Educação dos moradores ainda é entrave para a coleta

Um dos maiores entraves para que a coleta seletiva seja consistente está na educação dos habitantes sobre o tema.

Essa falta de conscientização pode ser vista em um condomínio localizado no bairro Buritis. O local abriga 84 apartamentos e dez lojas, porém, segundo o síndico, o publicitário Sérgio Nigri, apenas 40% dos condôminos participam efetivamente da coleta, que foi implantada há quatro anos no local. “Temos um trabalho constante de promover a coleta seletiva, com mensagens no mural e conversas, além de identificar os barris de lixo e orientar os profissionais da limpeza. Infelizmente, nem todos se preocupam com isso”, lamenta.

Moradora do local, a advogada Ana Paula Heimovski confessa que deixou de fazer a coleta. “Aderi no início, mas hoje só separo vidro e papelão para ajudar os catadores. Me desanimou ver muitos moradores e caminhões de coleta misturando os lixos já separados”, explica.