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"Só sei que estou sofrendo muito", diz mãe de menina morta na Várzea das Flores

Lucélia Santos diz que imagem do resgate do corpo da filha, Kethlin Soares, 20, vai ficar em sua memória; menina estava em lancha que afundou no local

Ter, 16/06/20 - 20h25

As lembranças felizes que a dona de casa Lucélia Santos de Faria, 40, tinha da filha Kethlin Faria Soares, 20, no convívio diário com a família agora se misturam com a cena de resgate do corpo da menina que ocorreu na última sexta-feira (12), na Várzea das Flores, em Contagem, na região Metropolitana. A jovem morreu após uma lancha em que ela estava com amigos no local afundar. Catorze pessoas estavam na embarcação que comportaria apenas sete e antes da confirmação da morte, Kethlin ficou 21 horas desaparecida. A mãe confirma que a menina não sabia nadar.

A cena do resgate do corpo foi tão marcante que Lucélia diz não conseguir comer e dormir direito nos últimos dias. Para ela o mais intrigante é que o dono da lancha, Carlos Alberto Alves, conhecido como capitão, fugiu logo após a embarcação afundar, sem prestar socorro a nenhuma vítima.

“Ele fugiu, viu todo mundo afundando e simplesmente se  salvou. Ele sabia nadar, porque não voltou?”, questiona. “Eu queria sim que ele se apresentasse, que tivesse dignidade. Ele não teve signidade para ajudar a turma do ‘rolé’ dele, a turma da cachaça, a turma da bagunça que ele tivesse a dignidade para dar uma satisfação para mim, por que eu quero saber o que aconteceu naquela lancha. Eu quero saber se teve briga, se minha filha levou alguma ‘cacetada’, eu quero saber. É meu direito”, afirma Lucélia Santos.

Ainda na noite da última quinta-feira (11), quando soube da notícia de que a lancha em que a filha estava afundou, ela diz ter corrido para a Várzea das Flores para tentar ter alguma notícia da menina. Ao chegar no local, todos haviam sido resgatados da água, menos a filha. “vamos supor que realmente foi um acidente, porque eu não sei o que aconteceu dentro da lancha. Aconteceu alguma coisa, com certeza. Eu não sei se na virada ela pode ter batido a cabeça na lancha, eu só sei que quando ela emergiu, ela não subiu”, lamenta.

A mãe também questiona o tempo para o resgate da filha. Com a pouca visibilidade na noite do acidente, os militares do Corpo de Bombeiros que atuavam no salvamento optaram por encerrar as buscar e retomá-las na manhã de sexta-feira (12). Para Lucélia Santos, o tempo também foi um fator determinante para a morte da filha. “Deixaram para iniciar a busca da minha filha no outro dia de manhã”, lamenta.

Nessa segunda-feira (16), Lucélia Santos esteve no mesmo cartório em que esteve para registrar o nascimento da filha, mas dessa vez, para pegar a certidão de óbito. “Eu estava falando com a minha mãe. A minha menina foi registrada no cartório Nogueira e infelizmente hoje eu fui buscar a certidão de óbito dela no cartório Nogueira também. Eu dei a luz à ela as 15h30 e ela foi também foi encontrada esse horário. Eu não sei o que está acontecendo, se é teste de Deus, mas só sei que estou sofrendo muito”, afirma.

Em nota a Polícia Civil informou que foi instaurado inquérito policial para apuração dos fatos e as investigações estão em andamento. Pontuou ainda que “testemunhas serão ouvidas nos próximos dias e também são aguardados laudos periciais”.  A nota ainda pede que “quem tiver alguma informação que possa colaborar para elucidação do caso pode se dirigir à 5ª Delegacia de Polícia Civil em Contagem ou ligar para o Disque 181”.

A reportagem solicitou e aguarda um posicionamento do Corpo de Bombeiros sobre os questionamentos de Lucélia Santos  em relação ao resgate da filha.

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