Desabafo

'Sou mãe, mas não posso passar a mão na cabeça', diz mãe de preso por roubo

Com um revólver calibre 32, dupla levou R$ 570 de açougue no bairro Betânia

Por Carolina Caetano
Publicado em 04 de outubro de 2019 | 16:52
 
 
Homem é preso suspeito de assalto a açougue no bairro Betânia Foto: Uarlen Valério

Na porta da Delegacia de Plantão do Barreiro 3 (Deplan), uma dona de casa de 53 anos esperava para saber o destino do filho, preso nesta sexta-feira (4) suspeito de participação no roubo a um açougue no bairro Betânia, região Oeste de Belo Horizonte. Acompanhada da filha, ela contou à reportagem de O TEMPO que luta pelo filho há cerca de quatro anos. 

"Um vizinho chegou perto de casa e falou que tinha visto ele saindo. Eu comecei a ligar para dizer que se ele fizesse alguma coisa, eu não iria ajudar mais. Mas antes de eu conseguir falar, ele foi preso", disse a mulher, sob anonimato. 

Segundo a Polícia Militar, o preso e um outro homem chegaram ao estabelecimento comercial, armados com um revólver calibre 32, e anunciaram o roubo.

"Chegaram informações para gente que ocupantes de um Voyage de cor escura estava cometendo roubo na área do 5 Batalhão. Fazíamos patrulhamento na Vila Pinho (região do Barreiro) e nos deparamos com esse veículo. Os ocupantes estavam em atitude suspeita e, ao avistar a viatura, o passageiro desceu, correu e ainda não foi localizado. Dentro do carro foi encontrada a arma. Segundo a vítima foi levado R$ 570 em dinheiro, que foi recuperado", explicou o sargento Alexandre Barros, do 41 Batalhão.

Segundo ele, o suspeito preso já tinha registros policiais por roubos e furtos. O homem perdeu o pai, que era policial militar, há cerca de quatro anos e, desde então, teria começado no mundo do crime. 

"Ele fala que é trauma da perda do pai, mas não é. Ele cuidava muito do pai, mas isso não justifica o que ele faz. Não é por falta de oportunidade, eu já dei dinheiro para ele comprar vassoura e vender. Mas ele pegou a quantia e foi comprar drogas. Eu como mãe estou triste, mas não posso fazer nada", desabafou a mulher, que é responsável pela criação do filho do preso, um menino de apenas 10 anos. 

"Eu já entrei em favela, boca de fumo para ir atrás dos meus filhos".

Como mãe, a dona de casa deu conselho para outras mulheres que possam passar pelos mesmos problemas. "Eu errei muito na educação dos meus filhos, quando eu vejo um adolescente fazendo alguma coisa, a primeira coisa que eu faço é falar para a mãe. O conselho que eu dou é para ir atrás dos seus filhos. Eu já entrei em favela, em boca de fumo. Não deixem eles se perderem. E para os filhos: amem seus pais porque um dia vocês vão perder. E no dia que perder vocês vão se sentir sem chão", finalizou. 

O preso

Também em conversa com a reportagem, o suspeito, enquanto pedia a mãe para comida, negou o crime. "O cara pediu para levar em certo lugar, mas não sabia que era para roubo. Na hora que chegou no local, ele disse que ia 'meter' assalto. Eu até assustei. Se eu corresse, ele mataria. Conheço ele de bebedeira lá no bairro. Eu entrei de 'gaiato', quebrando o galho dos outros", afirmou.