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TransVest quer construir casa para acolher transexuais e travestis em BH

Sem dinheiro, curso pré-vestibular e oficinas gratuitas estavam ameaçadas; agora, grupo tenta chegar aos R$ 30 mil com financiamento coletivo

Sáb, 24/08/19 - 03h00

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"A TransVest vai acabar”. Com certo assombro, a frase ecoou nas redes sociais no dia 30 de julho. Um grito por socorro do grupo dedicado a apoiar travestis e transexuais que surtiu efeito: a campanha de financiamento coletivo lançada na época decolou. Passado menos de um mês e contando com 532 apoiadores, o projeto já conquistou R$ 17,8 mil mensais pela vaquinha online e não vai mais fechar as portas. Agora, o foco é construir uma casa de acolhimento em Belo Horizonte e ampliar o atendimento ao público-alvo. Para isso, o financiamento coletivo precisa chegar aos R$ 30 mil. 

Por ano, cerca de cem pessoas são atendidas pela ONG, que foi eleita, pelo voto popular, como o projeto social mais importante da cidade no prêmio BH Cool, por duas vezes consecutivas. Há quatro anos, a TransVest oferece cursos de pré-vestibular para travestis e transexuais em uma sala no edifício Maletta, na região Central de BH. Ao longo do tempo, novas atividades foram incorporadas, como “cursos livres de arte, de idiomas e de defesa pessoal”, explica a professora e ativista Duda Salabert, que é uma das fundadoras da ONG. Além disso, “há suporte jurídico, psicológico e até financeiro para pessoas trans”.

Para ela, não é surpresa que essa rede de mobilização tenha surgido tão rapidamente. “Essa é a maior prova de que a TransVest não é minha, é de Belo Horizonte como um todo! Basta ver como a cidade abraçou a campanha”, afirma.

Ex-aluna do cursinho de pré-vestibular, Libernina é hoje gestora do Olympia Coop Bar, que funciona no Maletta. Se, no passado a ONG ofereceu a ela apoio, agora é a vez dela de se mobiliza para que o projeto siga em frente.

No bar que administra, criou uma caixinha para que os clientes possam destinar valores para a iniciativa. “Muito mais que um curso, a TransVest me permitiu criar conexão com outras pessoas trans”, diz. “A gente, às vezes, se sente muito só. Quando encontramos outras pessoas que passaram por algo parecido com o que passamos, temos nelas um suporte”, desabafa. 

Verbogentileza inclui projeto em programação cultural

O projeto Verbogentileza se junta ao hall de mobilizadores em torno da TransVest. Além de realizar um aporte financeiro de R$ 2.000, o festival vai dar mais visibilidade à ONG ao torná-la parte da programação. 

Hoje, por exemplo, acontece um ateliê criativo gratuito e aberto ao público, que promove a TransVest, entre 9h e 13h, no Centro de Referência da Juventude (CRJ), em BH. A programação inclui oficina de confecção de fanzines, de escrita criativa e de colagens e ilustrações.

“A TransVest surgiu para combater a transfobia na sociedade, usando a educação como forma de empoderar e inserir essas pessoas em espaços de poder”, afirma Duda Salabert, que também é embaixadora do Verbogentileza.

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