A Justiça condenou nessa quinta-feira (24) três jovens, que têm entre 21 e 26 anos, à prisão em regime fechado por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Eles atuavam dentro do campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Um quarto suspeito foi absolvido.
De acordo com a denúncia, a operação Hoffman da Polícia Civil (PCMG), iniciada em fevereiro deste ano, investigou a participação dos quatro acusados pelos crimes de tráfico de drogas nas dependências da instituição, principalmente nos prédios da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).
As investigações apontaram que os condenados se dividiam em funções bem definidas: fabricação, fracionamento, distribuição e venda dos entorpecentes em festas e eventos na cidade e nas dependências da universidade.
Na casa de um deles, foram apreendidas as drogas LSD e quase meio quilo de maconha do tipo "Skank", Na casa de outro suspeito, foram localizados vários objetos utilizados para manipulação das substâncias.
Para a condenação, o juiz Thiago Colnago, da 3ª Vara de Tóxicos da Comarca de Belo Horizonte, considerou provas colhidas na investigação, relatórios, laudos periciais sobre as substâncias apreendidas, escutas telefônicas, análises de mensagens de aplicativo e também o trabalho de observação prévia dos policiais antes das apreensões.
Segundo o Ministério Público, P.A.S. era o principal distribuidor e comerciante das drogas dentro do campus. As mensagens também indicaram que ele pretendia expandir o comércio ilegal, pois estava procurando pessoas a quem pudesse terceirizar a venda.
Já M.L.A., que é formado em Engenharia Química pela UFMG, foi apontado pelas investigações como fabricante e fornecedor da droga, mas o juiz só considerou comprovado o fornecimento.
Os outros dois acusados, V.H.F. e V.J.N.S., foram flagrados nas salas da Fafich comercializando a droga. Mas o juiz Thiago Colnago considerou que não ficou comprovada a participação de V.J.N.S. na comercialização.
Pena
P.A.S. e V.H.F. cometeram os crimes estando em cumprimento de pena por outros delitos e, por essa razão, a pena final para eles foi estipulada em 19 anos e dez meses de reclusão.
Já M.L.A. foi condenado a 15 anos e dois meses de prisão. O quarto acusado, V.J.N.S., foi absolvido por falta de provas. O juiz ainda negou aos réus o direito a recurso em liberdade.
UFMG
Na decisão, o juiz Thiago Colnago destacou que, apesar de concluir que os acusados não mantêm qualquer vínculo formal com a universidade, ele afirmou que eles se instalaram facilmente nas dependências da Fafich.
Apesar de frisar que não existe nenhuma prova de que a direção das faculdades tenha, de algum modo, colaborado com os crimes, “é muito pouco provável que os fatos não tenham, ainda que superficialmente, sido percebidos ou desconfiados pelos inúmeros servidores públicos que compõem os valorosos quadros da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais e que frequentam suas dependências diariamente", disse.
Procurada pela reportagem, a UFMG ainda não se posicionou sobre a decisão da Justiça.