Região da Pampulha

Cinco suspeitos de tráfico são presos em operação em campus da UFMG

Com os homens, que tinham trânsito livre na universidade, foram encontrados drogas e dinheiro. Polícia continua investigações

Por Michelyne Kubitschek
Publicado em 23 de maio de 2019 | 13:33
 
 
 
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Duas operações realizadas pela Polícia Civil desarticularam pontos de venda de drogas instalados na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Cinco homens, nenhum deles estudante da instituição, foram presos no campus Pampulha nessa quarta-feira (22).
 
Em coletiva realizada nesta quinta-feira (23), o responsável pela 2º delegacia do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), delegado Rodolpho Tadeu Machado, revelou que dos cinco suspeitos,  três, com idades entre 21 e 31 anos, foram detidos no interior do Diretório Acadêmico da escola de filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). 
 
Com eles, foram encontradas 144 buchas de maconha, um tablete de 600 gramas da mesma droga e R$103 reais em notas de R$2. "O diretório acadêmico do curso de filosofia não perde em nada para uma boca de fumo: muita sujeira e pichação, um ambiente bem diferente do que seria um espaço para estudos. Fomos muito mal recebidos no local e não encontramos nenhum responsável naquele momento", afirmou o delegado.
 
Um dos integrantes do trio flagrado no Diretório Acadêmico, de 27 anos, havia deixado a cadeia há menos de 15 dias."Foi preso por tráfico, mas acabou saindo dia 9 de maio. Contra ele, tínhamos mandado de busca e apreensão expedido. 
 
Os outros dois companheiros foram presos em flagrante. Já pedimos a prisão preventiva deles", contou Machado. O trio tem passagens por crimes de roubo e tráfico. 
 
Em outro ponto da instituição, na Escola de Belas Artes, dois homens de 25 anos foram presos em flagrante ainda na quarta-feira. Na bolsa de um dos suspeitos, os policiais encontraram cerca de 1 kg de haxixe, droga que, segundo o chefe da Divisão Antidrogas, delegado Windsor de Mattos Pereira, tem o poder entorpecente similar ao da maconha, porém, mais potente. 
 
"É uma super maconha muito rentável para o traficante. Enquanto a maconha comum é vendida a R$5 a bucha, o haxixe custa cerca de R$70 o grama no varejo", detalhou.
 
A investigação foi desencadeada há, pelo menos, 5 meses. O aumento do número de denúncias anônimas foi, segundo os responsáveis pela investigação, um dos motivos para que os policiais acompanhassem mais de perto movimentações de traficantes no campus.
 
Traficantes se sentem "blindados" em universidade, diz delegado
 
Para o delegado Rodolpho Tadeu Machado, traficantes se sentem protegidos para a comercialização de drogas em universidades federais. Um dos suspeitos chegou a afirmar que vendia drogas no local por acreditar que "somente o exército" poderia entrar no campus.
 
"Existe uma questão que as forças de segurança não poderiam atuar dentro de universidades federais, mas temos que fazer um paralelo, já que as universidades federais são bens públicos de finalidade especial, mas ainda são um patrimônio público e têm atuação de todas as forças de segurança de acordo com a atribuição constitucional.", explicou Machado.
 
O delegado contou ainda que um juiz estadual deferiu medida cautelar representada pela corporação. "Por questões éticas e de cooperação mútua, comunicamos à Polícia Federal que iríamos realizando diligências. Eles, inclusive, nos ofereceram apoio", revelou.
 
Livre acesso e encomendas via Whatsapp
 
Classificada pelo delegado Windsor de Mattos Pereira como "namorico", as conversas entre usuários, a maioria alunos da UFMG, e os traficantes eram realizadas por meio de um aplicativo de mensagens. 
 
"As encomendas acontecem como se fossem um namorico. Eles se sentem mais seguro no Whatsapp do que por telefone. Se sentem bem à votade para definir o horário, local, quem vai entregar, como que vai entregar e a quantidade que querem".
 
Ainda de acordo com as investigações, os suspeitos não se passavam por alunos e aproveitavam o livre trânsito para entrar e sair da universidade sempre que necessário.
 
Chefão na mira da Polícia
 
O responsável pelo abastecimento do tráfico dentro do campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já  foi identificado. Sem entrar em detalhes, a Polícia Civil, disse apenas que o chefe do tráfico no local é um homem, morador da região do Vale do Aço.
 
Laboratórios de fabricação de drogas podem funcionar dentro da UFMG, suspeita delegado
 
Com investigações em curso, delegados da Polícia Civil não descartaram a possibilidade de que insumos da universidade estejam sendo usados para a fabricação de drogas sintéticas vendidas no campus Pampulha. 
 
"Não podemos entrar em detalhes, pois as investigações estão em curso, mas essa possibilidade, de que exista um laboratório funcionando lá dentro, não está descartada. Estamos apurando também a participação de membros de diretórios acadêmicos e demais membros da universidade", detalhou o delegado "Rodolpho Tadeu Machado.
 
A Polícia Civil diz que a UFMG tem colaborado ativamente com as investigações. Em nota, a universidade informou que "a direção vem cooperando com as autoridades competentes com relação a um problema que atinge toda a sociedade". "A UFMG reitera que não compactua com práticas ilegais e que ferem a dignidade humana e reafirma a permanente disposição em cooperar com as autoridades", diz o texto. 

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