Sem mudanças

Após duas horas de reunião, prefeitura de BH decide manter comércio fechado

Comerciantes apresentaram propostas para Kalil e comitê de enfrentamento, que ficaram de analisar o pedido de flexibilização

Por Rafaela Mansur
Publicado em 15 de julho de 2020 | 16:10
 
 
Estabelecimento fechados na avenida Sinfrônio Brochado, Centro Comercial do Barreiro Foto: Fred Magno / O Tempo

Após duas horas de reunião com representantes do comércio, a Prefeitura de Belo Horizonte informou, nesta quarta-feira (15), que vai manter as atividades consideradas não essenciais fechadas nna cidade. Segundo o município, a curva de casos de coronavírus em ascensão e as taxas de ocupação de leitos de terapia intensiva e enfermaria ainda em nível vermelho impedem a flexibilização neste momento.

"Neste mês, entramos em uma etapa mais acelerada de casos e óbitos da doença e, com certeza, agora não é o momento de promover uma flexibilização. Temos que acompanhar esse número descendo ou estabilizando para termos uma conversa nesse sentido, e isso foi muito bem compreendido (pelos comerciantes) dada a seriedade do momento", afirmou o secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis.

Na reunião desta quarta-feira, foram ouvidos empresários de setores que não reabriram em nenhum momento, como lojas de vestuário, bares e restaurantes. A prefeitura aproveitou o encontro para apresentar protocolos com medidas que devem ser cumpridas pelos estabelecimentos após a reabertura.

Os bares, restaurantes e lanchonetes, por exemplo, poderão ter uma mesa a cada 6,5 metros quadrados, com no máximo duas cadeiras por mesa, e o modelo de self service será proibido. As lojas de vestuário deverão proibir o contato físico entre os clientes e as peças do estoque e garantir o distanciamento de 2 metros entre as pessoas. Já os shoppings terão de aferir a temperatura de todos os clientes, e o funcionamento do cinema não será permitido.

De acordo com a prefeitura, os protocolos serão avaliados pelos setores, mas as definições já foram construídas a partir de "diálogo constante e das sugestões enviadas por cada segmento" e "ajustadas de acordo com critérios apontados pela Vigilância Sanitária e pelo comitê".

O município prometeu também analisar a proposta do Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), que sugere que os estabelecimentos de todos os setores abram quatro dias por semana e fechem três. A ideia é que o comércio em geral funcione de terça-feira à sexta-feira, e os shoppings, de quarta-feira a sábado, e tem o apoio do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH).

"A proposta do Setra é que, nos quatro dias trabalhados, ele coloque o maior número de ônibus e, nos três não trabalhados, reduza abruptamente, até para as pessoas ficarem mais em casa", disse o presidente do Sindilojas-BH, Nadim Donato. "Assim a gente recupera um pouco da economia e, ao mesmo tempo, reduz taxa de crescimento (da doença). Nós entendemos que não dá para o comércio flexibilizar novamente aos poucos, porque isso atinge um número muito pequeno de lojistas", completou Donato, que reconheceu que os números de Covid-19 na cidade não estão bons, mas afirmou que o comércio não é o "vilão".

De acordo com o infectologista Estevão Urbano, membro do comitê de enfrentamento da pandemia de Covid-19, todas as ideias são bem vindas, mas qualquer modelo só de flexibilização só poderá ser colocado em prática diante da melhora dos indicadores epidemiológicos.

"Como ainda estamos com uma saturação exagerada de leitos nos hospitais públicos e privados, ainda não podemos prever datas, porque estaríamos sendo irresponsáveis. Nós estamos vivenciando o pior período da pandemia em Belo Horizonte, não sabemos nem se chegamos ao pico, e se chegamos, não sabemos quanto esse platô durará. Então é um erro e uma irresponsabilidade programar datas quando nossos indicadores estão no pior momento", destacou.

Belo Horizonte tem, até o momento, 12.231 casos e 297 óbitos confirmados por coronavírus. A taxa de ocupação dos leitos de terapia intensiva exclusivos para Covid-19 está em 85% na capital, e dos de enfermaria, em 74%.

Entidades. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) não foram convidadas para a reunião e vão conceder entrevista coletiva sobre a reabertura do comércio nesta quinta-feira (16).

Questionado sobre isso, o secretário municipal André Reis informou que a prefeitura já recebeu as duas entidades e que o foco desse encontro específico foram os setores que não reabriram em nenhum momento. Os bares e restaurantes foram representados pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Região Metropolitana (Sindhorb).

Matéria atualizada às 19h15.