Dezenas de caminhoneiros manifestam contra o resultado das eleições na BR-381, em Ipatinga, na região do Rio Doce, em Minas Gerais. A categoria questiona a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), no pleito deste domingo (30). O ato teve início no final da noite de ontem, horas depois da divulgação do resultado das urnas.

Os caminhoneiros estão às margens da rodovia e a paralisação causa lentidão no trânsito em um trecho de cerca de 5 km. A manifestação é acompanhada pelas equipes das Polícias Militar e Rodoviária Estadual. "Eles começaram em menor número durante a madrugada e hoje, pela manhã, outros caminhoneiros também chegaram", conta o tenente Marcelo Vieira.  

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De acordo com Vieira, desde o início do ato não houve registro de conflitos e os demais motoristas não são impedidos de passar pelo local. A manifestação está concentrada na rodovia e não atinge os bairros da cidade. No entanto, há relatos de que alguns postos de combustíveis registraram aumento de clientes durante o período da manhã, temendo um possível desabastecimento.

A reportagem de O TEMPO procurou a Prefeitura que, por meio de nota, disse que não irá se manifestar e que segue tomando conhecimento da situação e avaliando esses impactos, em especial no trânsito. "A prioridade é manter a segurança das pessoas envolvidas e das que eventualmente cruzem pelas paralisações", disse.

Dezenas de caminhoneiros manifestam contra o resultado das eleições na BR-381, em Ipatinga, na região do Rio Doce, em Minas Gerais. A categoria questiona a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), no pleito deste domingo (30). pic.twitter.com/LZkGoYvIhm

— O Tempo (@otempo) October 31, 2022

Caminhoneiros pedem por intervenção das Forças Armadas

Helen Fernandes é motorista e trabalha com viagens pela rodovia no trecho de Ipatinga a Belo Horizonte. Ela estava na cidade do Rio Doce quando a paralisação teve início. "Os caminhoneiros disseram que só irão sair após a manifestação do presidente Jair Bolsonaro", contou a motorista. Desde a divulgação do resultado das eleições, que já foi reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro não realizou pronunciamentos ou se manifestou nas redes sociais. O candidato do Partido Liberal (PL) obteve 49,80% dos votos e foi derrotado pelo petista, com 50,20%. 

Segundo Helen Fernandes, o ato é uma forma de apoio a Bolsonaro para que ele acione as Forças Armadas a pretexto de “restaurar a ordem”. O argumento da categoria faz referência ao artigo 142 da Constituição Federal. "O pessoal disse que só vai arrancar de lá depois que as Forças Armadas tomarem conta", disse. 

Para o doutor em Direito Constitucional Fernando Jayme, o pedido da categoria não deverá ser atendido, já que não existem justificativas, uma vez que o país não está em situação de anormalidade. "O artigo é válido para situações de extrema excepcionalidade, quando há uma ameaça, por exemplo, à República, à democracia e às instituições, o que definitivamente não aconteceu em momento algum", explicou. 

Jayme pontua que as manifestações são legítimas e que o inconformismo com o resultado das urnas, já reconhecido pelas instituições, não podem argumentar esse pedido. "O resultado das urnas é incontestável. O inconformismo não leva a lugar algum", completou.