“Pode ser na grelha, no tijolo… Não existe churrasco perfeito. Errado é não fazer”. A brincadeira é do mestre churrasqueiro Adoniran Barreto, 43, que vai ter muito trabalho no próximo domingo, 13, Dia dos Pais. Assar uma “carninha”, ou fazer uma refeição especial em casa, é a preferência da maioria dos belo-horizontinos (76,9%) para celebrar a data. Os dados são de uma pesquisa recente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). Segundo o levantamento, apenas 15,4% vão a algum bar ou restaurante. Para Barreto, é possível fazer um churrasco saboroso gastando pouco. “Agora tem muita promoção. Aqueles kits de churrasco costumam ter preço mais em conta”, indica. 

“No Dia dos Pais, a gente vende mais carne que no Dia das Mães, porque os filhos levam elas para saírem, para não terem que cozinhar em casa”, explica Carlos Alberto Alves de Araújo, 43, proprietário da Alimentar Carnes Nobres. Segundo o empresário, a expectativa é de um incremento de 15% nas vendas para a data neste ano. A expectativa positiva dos açougues também é alavancada pela queda nos preços: só a picanha, a favorita dos brasileiros para o churrasco, ficou 9,36% mais barata em BH, entre janeiro e junho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na Alimentar, que conta com duas lojas, a sede no Padre Eustáquio e o frigorífico, mais novo, no Barreiro, os preparativos começaram há 20 dias, com a antecipação das compras. Por mês, a empresa vende cerca de 25 toneladas só na casa de carnes mais antiga e o dobro no outro estabelecimento. Segundo o proprietário da marca, o ticket médio é de uma compra de 4 a 5 kg de carne por pessoa. “O que o brasileiro mais consome é boi, é a preferência de cerca de 70% da população”, detalha. 

Segundo Carlos, para o churrasco, os cortes mais procurados são picanha, contrafilé, bife ancho e alcatra. Mas após a pandemia, aumentou também a procura pelas carnes mais nobres, como as da raça de boi wagyu, do Japão. Só o contrafilé dele, por exemplo, tem de sete a oito cortes. A alcatra é desmembrada em maminha, miolo e picanha; sendo vendidos os cortes, os chamados steaks, em pacotes à vácuo prontos para ir para a grelha. “O churrasco mudou muito. A gente tem picanha de R$ 39 a R$ 99, depende da origem do gado, tamanho, quantidade de gordura”, explica.

Na Alimentar, o kit churrasco para dez pessoas, com picanha, pão de alho, salsichão e picanha suína, é vendido por R$ 220. Mas, o cliente também pode personalizar seu próprio kit. “O preço da carne caiu muito, numa média de 20%, mas neste fim de semana, devido à maior procura, deve aumentar 5%”, avisa o empresário.

Valtemir Dorival Bento, 56, proprietário da Frigotutti Alimentos, açougue com 23 anos de tradição no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte, está ainda mais otimista para o dia 13. Segundo ele, a expectativa de aumento das vendas é de até 20% no Dia dos Pais. Tutti, como é conhecido, explica que a tendência é um movimento acima do esperado, devido aos preços mais acessíveis. “O número de clientes na loja tem aumentado. Aqueles que tinham parado de comprar, estão voltando”, explica. Na loja, o kit churrasco para dez pessoas, personalizado, sai por R$ 120. No padrão, o cliente encontra contrafilé, copa lombo, asa e linguiça.

Por mês, a casa vende 100 toneladas de carne. “Hoje, o que tem maior saída é o básico: alcatra, asa, linguiça e pernil. A picanha não é tão procurada, porque é um produto mais caro; depende da classe social do cliente”, explica. Enquanto a peça de alcatra é vendida a R$ 22,90 na loja, a picanha pode chegar a R$ 50 quilo. 

Mas o empresário explica que tem aumentado a procura por carnes nobres. “É a moda do momento. Estava pensando em investir neste segmento, mas, no nosso caso, o movimento é de todos os dias da semana. O açougue gourmet é mais no final de semana ou data comemorativa. Para ser sustentável, tem que vender muito bem”, explica Tutti. 

Ele observa que o consumidor, antes de comprar, deve ficar atento aos preços. “Agora no mercado tem vários cortes iguais, com nomes diferentes, principalmente ‘americanizados’, que tem diferença de até 150% no valor”, diz.

Já Gleison da Silva, 42, gerente da Casa de Carnes Palmeiras, na região Oeste de BH, que tem vinte anos de mercado, faz projeções ainda mais expressivas, prevendo crescimento de até 30% nas vendas para o domingo dos pais. “Melhorou bastante o movimento. A carne estava muito cara. O frango, a carne de boi, tudo caiu (de preço)”, explica.

No estabelecimento, o kit churrasco, para dez pessoas, é vendido por R$ 130 e conta com contrafilé, linguiça, pernil, asinha e carvão.  Na casa, o quilo do contrafilé é vendido por R$ 49,90. “Pessoal gosta muito de contrafilé, fraldinha e picanha, mas para churrasco a gente faz também maçã de peito temperada, com um preço mais acessível, de R$ 33,99 o quilo”, explica o gerente. 

Chope da Falke Bier, uma das mais antigas cervejarias de BH. Foto @rafaelapio_ /Reprodução Instagram @falkebier

Cervejarias esperam aumento de 5% nas vendas para o Dia dos Pais

Churrasco sem cerveja é raridade quando se trata de uma das capitais que mais consome álcool no Brasil. Para o Dia dos Pais, a projeção do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral (SindBebidas), associada à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), é de um aumento de 5% nas vendas.

“Se o dono da cervejaria colocava 50 chopeiras, vai colocar, no mínimo, 70 para locar. As pessoas se reúnem e fazem comemorações na data. A perspectiva é a melhor possível. O setor melhorou muito e os festejos aumentaram o volume de vendas”, detalha Marco Falcone, vice-presidente do SindBebidas e proprietário da Cervejaria Falke, criada em 2004. 

Ao contrário do que se possa imaginar, o pilsen não é, necessariamente, o chope mais procurado. “Aumentou muito a procura pelos chopes especiais. O tipo India Pale Ale (IPA) se popularizou muito”, explica Falcone.

Segundo ele, o aluguel de chopeiras para festas particulares varia de acordo com o tamanho do barril e chope escolhido - são mais de 140 estilos diferentes. Enquanto o pilsen pode ser cobrado, em média R$ 10 o litro, o IPA pode custar R$ 30 o litro. “A média de custo de um barril de 50 litros é cerca de R$ 500, com a chopeira, gás e barril prontos. Vai render quatro horas de consumo para 50 pessoas”, detalha.  

Em Belo Horizonte e Região Metropolitana, existem atualmente 60 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).