O consumidor encontrará ovos de Páscoa mais caros nos supermercados neste ano. E outra surpresa, além da alta de preços, está na embalagem dos produtos, que agora pode vir com avisos de excesso de açúcar, gorduras saturadas e sódio. A novidade surge devido a uma mudança nas regras de rotulagem da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é um alerta para o consumidor que deseja itens mais saudáveis.

Esta é a primeira Páscoa desde que a nova rotulagem de alimentos determinada pela Anvisa passou a valer, em outubro de 2022. Por isso, no meio das embalagens coloridas com imagens ilustrativas de chocolate, agora há alertas em preto e branco sobre os ingredientes dos doces. As novidades da Ferrero Rocher e as caixas especiais de ovos da Lacta, por exemplo, exibem os alertas. No segmento infantil, as opções do Kinder Ovo e o ovo do Batman também estão na lista de produtos com o aviso. Não foram os ovos que se tornaram menos saudáveis do que em Páscoas anteriores. É que, agora, eles são obrigados a deixar suas características nutricionais mais claras para o consumidor. 

De acordo com as normas da Anvisa, é exigido que os alimentos sejam rotulados com os avisos, na parte frontal da embalagem, quando a composição passar dos seguintes limites:

  • açúcar adicionado: 15g ou mais por 100g de alimento sólido e 7,5 g ou mais por 100 ml de alimento líquido;
  • gordura saturada: 6g ou mais por 100g de alimento sólido e 3g ou mais por 100 ml de alimento líquido;
  • Sódio: 600mg ou mais por 100 g de alimento sólido e 300mg ou mais por 100 ml de alimento líquido.

São nutrientes associados a maior risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes e obesidade. A nutricionista Elisabeth Chiari explica que os valores adotados pela Anvisa são, de fato, altos. “15g de açúcar é uma quantidade excessiva, porque recomendamos até 20g por dia por pessoa, então isso é praticamente todo açúcar do seu dia em uma porção. O consumo equilibrado não tem problema, o processo é o excesso no longo prazo”, exemplifica. Ela destaca que o novo rótulo ajuda a guiar o consumidor nas escolhas do dia a dia. “O consumidor que tem necessidade de emagrecimento ou doença hepática e não pode comer muita gordura pode evitar esse alimento. O rótulo é um alerta para que se possa escolher melhor”.

Vigente para os produtos que entraram no mercado desde outubro de 2022, a nova rotulagem ainda era uma raridade nas prateleiras dos supermercados até agora, avalia a supervisora técnica do Programa de Alimentos do do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Laís Amaral. A Páscoa, pontua ela, será uma boa oportunidade para o consumidor se habituar à novidade. “Houve um burburinho sobre o assunto antes, mas, na prática, ainda não estávamos vendo a mudança acontecer. Na Páscoa, teremos uma gama maior de produtos com essa informação para o consumidor e será interessante observar como ele a utilizará”.

Ela lembra que a tabela nutricional dos alimentos, presente na parte de trás das embalagens, também foi reformulada pela Anvisa. Quanto mais alto na lista de ingredientes estiver um item, explica a especialista, mais ele está presente no alimento. “Evite aqueles que já têm açúcar na primeira, segunda posição da lista e identifique um ovo que tenha cacau nessa posição. Evite também os produtos que tenham aditivos alimentares, que normalmente são aqueles cujo nome termina em ‘ante’, como corante, aromatizante e o próprio adoçante”, pontua. A alta presença de aditivos costuma denotar produtos ultraprocessados, que estão associados a uma série de doenças crônicas.