Impactos do coronavírus

Com pandemia, Minas Gerais fecha mais de 88 mil postos de trabalho em abril

O Estado foi o segundo do país com a maior redução de vínculos formais no período, atrás apenas de São Paulo

Ter, 02/06/20 - 19h41
Indústria de alimentos | Foto: ANPr/ SINDIAVIPAR

Ouça a notícia

Minas Gerais perdeu 88.298 postos de trabalho formais em abril deste ano, resultado da contração econômica provocada pela pandemia do coronavírus. O Estado foi o segundo do país com a maior redução de vínculos formais no período, atrás apenas de São Paulo, e respondeu por 10,3% do saldo negativo do Brasil, que registrou queda de 860.503 vagas. Os dados são de um informativo publicado pela Fundação João Pinheiro, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Em Minas, foram registrados 149.213 desligamentos no mercado de trabalho em abril e 60.915 admissões. No mesmo mês do ano passado, o saldo de empregos tinha sido positivo, com a criação de 22.915 postos de trabalho. Quando se considera o acumulado de março deste ano, mês de início da pandemia, e abril, a queda é ainda maior: o Estado perdeu 107.282 postos de trabalho no período. No Brasil, foram 1.067.904 vagas a menos.

Já no acumulado dos quatro primeiros meses de 2020, o balanço em Minas Gerais também foi negativo: foram perdidos 76.957 empregos no período, o pior resultado desde 2012. O saldo negativo de março e abril superou o saldo positivo dos meses de janeiro e fevereiro em 3,5 vezes.

"Foi justamente por causa da pandemia. Em janeiro e fevereiro, o Estado registrou aumento de postos de trabalho formal. A queda começou justamente em março, quando as medidas de isolamento social, que impactaram no fechamento de parte do comércio, foram iniciadas. Foram essas medidas que levaram à redução de postos de trabalho", explica a pesquisadora da diretoria de Estatísticas e Informações da FJP, Nícia Raies Moreira de Souza.

Em Belo Horizonte, houve redução de 20.994 postos de trabalho em abril e, no acumulado do ano, de 25.939 vagas, indicando que a contração econômica se deu, de fato, praticamente com o início da pandemia. Além da capital, o saldo negativo de empregos no mês foi maior nos municípios de Nova Serrana (-3.800), na região Centro-Oeste, Uberlândia (-3,715), no Triângulo Mineiro, Contagem (-3.188), na região metropolitana, e Juiz de Fora (-3,075), na Zona da Mata.

Apenas o setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura apresentou saldo positivo de empregos em abril, com o ampliação de 706 postos de trabalho. Os demais setores tiveram perdas no período, principalmente o de serviços, que registrou redução de 33.676 vagas em Minas Gerais. Os segmentos de informação, comunicação e atividades financeiras (-11.231) e de alojamento e alimentação (-11.003) tiveram as maiores perdas. Na indústria, foram perdidas 23.472 vagas e, no comércio, 22.902.

De acordo com a FJP, as informações do Caged corroboram a tendência de desaceleração da economia e, consequentemente, de aumento da desocupação, indicado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral. Essa pesquisa mostrou que o total de desocupados no Estado chegou a 1,283 milhão de pessoas nos três primeiros meses do ano, o que representa um aumento de 19,8% em relação ao trimestre anterior.

Para os pesquisadores, medidas que protejam os trabalhadores e os empresários mais vulneráveis são essenciais neste momento, uma vez que a expectativa é de aprofundamento da crise. "É fundamental apoiar os trabalhadores e as empresas, na manutenção dos empregos. Só o poder público que pode minimizar os impactos", afirma Nícia Souza.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.