Aviação

Com queda de quase 70% na demanda, aéreas de todo mundo enfrentam crise inédita

Entidade mundial prevê uma retração de 66% no tráfego aéreo; segunda onda da Covid-19 impediu retomada

Por AFP
Publicado em 24 de outubro de 2020 | 14:09
 
 

Os resultados financeiros das empresas do transporte aéreo são catastróficos no terceiro trimestre, cuja recuperação tímida foi prejudicada pela segunda onda da Covid-19 na Europa.

A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) avalia a queda do tráfego aéreo em 66%.

Somente nos aeroportos de Paris, a queda para o ano pode ser de 70%, uma revisão maior que uma estimativa anterior de 65% para os dois aeroportos de Orly e Charles de Gaulle.

"Seis meses após o início da crise na Europa e Estados Unidos, os índices não mostram nenhum sinal favorável para uma recuperação rápida (...). Esta crise será duradoura e não será em V" com uma queda brutal seguida por uma recuperação rápida, explica em um estudo a agência de assessoria Alix Partners.

Após a suspensão do tráfego aéreo em todo o mundo durante a Primavera no Hemisfério Norte, a recuperação começou muito lentamente, particularmente nos voos internos, a partir de junho antes de alcançar um máximo em agosto, para voltar a cair em setembro.

Teste neste fim de ano

"A temporada de Inverno (no Hemisfério Norte) será um 'stress test' para as companhias", segundo a Alix Partners.

Nos Estados Unidos, as principais companhias aéreas American Airlines, SouthWest, Delta e United Airlines anunciaram em outubro uma receita em queda livre no terceiro trimestre.

A American Airlines, número um do setor nos Estados Unidos, anunciou uma queda da renda de 73%.

Diante de uma falta de acordo de apoio ao setor aéreo em Washington após a suspensão dos subsídios destinados a ajudar a pagar aos trabalhadores, milhares de pessoas estão em paralisação técnica.

Na Ásia, a companhia de Hong Kong Cathay Pacific anunciou na quarta-feira o corte de 5.900 empregos, um quarto de seus efetivos e o fechamento da filial Cathay Dragon.

Na Europa, a IAG (casa matriz da British Airways e Iberia) e Lufthansa reduzirão drasticamente sua oferta no quarto trimestre, a 30% como máximo em relação à do ano passado no caso da IAG e a 25% no da alemã.

A escandinava SAS concluiu as negociações de um plano social com o corte de 5.000 empregos, 40% dos efetivos, anunciou a companhia na sexta-feira (24).

A Latam, maior companhia aérea da América Latina, e suas filiais planejam operar em outubro com 24% e 26% de sua capacidade, em relação ao mesmo mês do ano passado, indicou recentemente a companhia, que sofreu uma queda de 75,9% em sua renda no segundo trimestre, e dispensou cerca de 12.600 trabalhadores.

Em junho, a Latam anunciou o fechamento de sua filial na Argentina.

Desemprego

Para a IATA, "a perspectiva das perdas de emprego de uma magnitude catastrófica é muito real", comentou nesta semana Rafael Schvartzman, vice-presidente da organização para a Europa, ao exigir novos apoios financeiros dos governos, até que a "indústria possa se colocar de pé".

Entre as boas notícias, a britânica Flybe, que havia declarado falência, pode voltar a voar no início de 2021, após o anúncio na segunda-feira de que foi comprada pela Thyme Opco, uma empresa controlada pelo fundo de investimentos Cyrus Capital.

Para tentar se recuperar, as companhias e os aeroportos pedem a realização de testes de diagnóstico em grande escala antes dos voos, para evitar medidas de quarentena na chegada, o que desanima muitos candidatos a viajarem.