“Nunca tive medo de nada”, diz Danielle Utsch, 38, fundadora da J’adore – empresa mineira de consignação do mercado de luxo de semijoias – sobre o ensinamento dado pelo pai. Ex-executiva de vendas na área de tecnologia, antes de mudar de segmento, Danielle montou um ponto de vendas de semijoias num salão de beleza em Belo Horizonte, vendendo R$ 35 mil no primeiro mês.

Depois de perder o emprego na área de tecnologia, no momento da pior crise do país, em 2015, Danielle abriu a J’adore e quis fazer dela a renda principal. “Eu não quero ser mais uma no varejo, eu quero consignar, emprestar e trazer oportunidade de trabalho para as pessoas”, conta.

Sem o capital para abrir o negócio, Danielle recorreu à família. “Conversei com meu irmão e minha tia, e eles me emprestaram 12 cheques de R$ 10 mil. Troquei com agiotas para levantar o capital e fazer aquisição de mercadoria na China para que eu tivesse margem de preço, produto para consignar. Fiz uma compra de R$ 120 mil na China para chegar em três meses, e demorou um ano e dois meses para chegar”, lembra-se do sufoco.

Hoje, a J’adore tem mais de 650 revendedores ativas – que adquirem os itens por consignação – e mais de 150 atacadistas que compram as peças. Na sede, no bairro Prado, na capital mineira, são 35 funcionários diretos que recebem os revendedores com lançamentos todas as terças e quintas-feiras com ao menos 15 modelos por dia. O volume de vendas é de 50 mil peças por mês, produzidas por quatro indústrias terceirizadas pela marca.

Danielle diz que não existe investimento inicial para quem quer começar o negócio com o portfólio de semijoias da J’adore. “Ela (a revendedora) recebe tudo emprestado: a bolsa de transporte, as embalagens de presente, os certificados de garantia, os tapetes de exposição, as etiquetas, a peça, fotografia, consultoria de Instagram. Ajudamos, inclusive, a pessoa a criar a marca dela com a ajuda do nosso design. Zero real de investimento. Ela tem que querer trabalhar”, explica a executiva.

A cada 30 dias, a revendedora da J’adore tem que fazer o acerto do que vendeu e devolver o que não vendeu. Os mostruários giram na casa dos R$ 4.000. O acerto mínimo obrigatório é equivalente a 30% do mostruário. O modelo da J’adore se sustenta na entrada de novas revendedoras. Por isso, para 2020, a meta de Danielle é chegar a 2.500 revendedoras. “Estamos preocupados com as vendas das revendedoras. Quero a cliente fidelizada. A J’adore é pensada nelas. Eu acordo e vou dormir estruturando diferenciais para as revendedoras”, conta.

Perspectivas

- Adepta da musculação há duas décadas, a fundadora da J’adore, Danielle Utsch, acredita que os problemas são para a mente o que a atividade física é para o músculo: “Quanto mais problema você enfrenta, mais fortalecido sai”.

- Nesse contexto, segundo Danielle, o Brasil é ótimo. “A crise cria problemas para uns e oportunidades para outros. Depende de como você se comporta diante delas. A vida é cheia de nãos”, filosofa a empresária.

Cadastro

Pessoas. Danielle Utsch informa que no site tem o link para se cadastrar como revendedora. Não é preciso ter CNPJ, pois o maior volume de procura é de pessoa física, e com nome regularizado.